segunda-feira, 20 de setembro de 2010

COMO EVANGELIZAR EVANGÉLICOS



Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! (Mt 7.22-23)

O meio evangélico é um dos campos missionários mais vastos do nosso país. Alguém duvida? Então fique atento ao modo de pensar e viver dos milhões de “crentes” que andam por aí e ficará surpreso. A maior parte dessa gente não demonstra nenhuma transformação de caráter, nenhuma alteração em seus valores, nenhum compromisso com a santificação e nenhum grau de discernimento espiritual. Parece que a estratégia principal do diabo para destruir a obra de Deus nas últimas décadas deixou de ser debilitar igrejas verdadeiras com os atrativos da apostasia. Agora, ele cria igrejas falsas compostas por cadáveres espirituais apodrecidos com o objetivo de emporcalhar o santo nome de cristão diante do mundo.

Esse método tem dado certo. Com efeito, não é difícil encontrar “crentes” de todos os tipos. Há evangélicos que formam blocos de carnaval e mulheres “cristãs” que falam e se comportam como prostitutas desavergonhadas. Há ainda “pastores", missionários e evangelistas hábeis na “arte” do estelionato, além de uma massa enorme de gente de péssima qualidade moral que, às vezes, sai em passeata pela rua gritando o nome de Jesus com a mesma boca com que fala palavrões.

Isso mostra que, de fato, o meio evangélico é um vasto campo missionário. Crentes de verdade, pessoas que conheceram o real poder do evangelho de Cristo, devem testemunhar a esse povo acerca da graça salvadora de Deus, evitando acreditar na piada de que eles são irmãos na fé que precisam apenas de algumas correções. Não. O problema básico da maioria dos neo-evangélicos não é falta de doutrina, mas sim falta de novo nascimento, sendo dever do cristão genuíno apresentar-lhes o evangelho da cruz.

Como isso pode ser feito de forma inteligente, sem deixar que a discussão se perca em meio a opiniões religiosas sem importância? Bom, não acredito em métodos infalíveis do tipo “Doze passos para ganhar um evangélico para Cristo”. Como pastor reformado, penso que só o convencimento do Espírito Santo pode conduzir alguém aos pés da cruz. Creio, contudo, que no trato com crentes falsos, o mensageiro do Senhor pode evitar perder tempo com tolices se agir da forma descrita a seguir.

Primeiro, pergunte se o “irmão” é crente. Não se assuste. A reação dele vai ser mais ou menos assim: “É claro que sou! Eu já não lhe falei que faço parte da Comunidade Evangélica Fogo da Sarça – Sede Mundial?” É nesse ponto que você vai fazer a pergunta fatal. Diga-lhe mais ou menos o seguinte: “Ah, é verdade! Você havia dito... E como foi sua conversão?” Pronto. É aqui que tudo desaba. O neo-evangélico não sabe o que é conversão. Ele vai ficar confuso, vai perguntar o que você quis dizer com essa pergunta, vai contar como foi batizado, como Jesus curou a dor que ele tinha no braço, como o pastor profetizou que ele ia achar emprego, enfim, vai dizer uma tonelada de sandices.

Então você deverá responder: “Amigo, eu tenho certeza de que todos esses episódios foram importantes para você, mas eu perguntei outra coisa. Eu perguntei quando foi que você, após ouvir ou ler a Palavra de Deus, descobriu apavorado que era um pecador perdido, separado da glória de Deus e caminhando para a perdição eterna; quando foi que, ouvindo o Evangelho, você aprendeu que Cristo veio a este mundo como substituto perfeito, a fim de sofrer a punição pelo nosso pecado; quando você entendeu o sentido de sua morte e ressurreição e quando, enfim, com essas informações em mente, você se lançou humilhado aos pés da cruz, dizendo: “Senhor, concede-me os benefícios da tua obra redentora. Lava-me, purifica-me, perdoa-me, salva-me. Eu te recebo, pela fé, como Deus e Salvador.’ Quando foi que isso aconteceu em sua vida?”

Não estranhe. O “irmão” vai olhar para você como se estivesse diante de um ET falando mandarim. Tenha, então, compaixão dele e, pacientemente, passe a explicar-lhe todas as coisas que disse.

Bom, espero que essas “dicas” ajudem. Ainda mais considerando que temos evangélicos incrédulos por toda parte, “revelando” que há muito trabalho a fazer. Realmente temos de aceitar esse fato: o nosso quintal também está branco para a ceifa.

Pr. Marcos Granconato
Retirado do site: http://www.igrejaredencao.org.br/ibr/

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O CAMINHO DA VERDADEIRA GRANDEZA


“Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva”, disse o nosso Senhor (Mateus 20.20-28). Destas palavras podemos concluir corretamente (e o contexto dá forte apoio à conclusão) que não há nada de errado no desejo de ser grande, desde que (1) busquemos o tipo certo de grandeza; (2) deixemos que Deus decida o que é grandeza; (3) estejamos dispostos a pagar o preço total que a grandeza exige, e (4) nos contentemos em esperar pelo juízo de Deus para resolver toda a questão de quem é grande afinal.
Contudo, é vitalmente importante saber o que Cristo quis dizer quando empregou a palavra grande com relação aos homens, e o que Ele tinha em mente não se pode achar no léxico ou dicionário. Só é bem compreendido quando visto em seu amplo cenário teológico. Ninguém cujo coração teve uma visão de Deus, por mais curta e imperfeita que essa visão posa ter sido, jamais se permitirá pensar de si ou de outrem como sendo grande. Ver a Deus, quando Ele se manifesta em temível majestade aos espantados olhos da alma, fará o adorador cair de joelhos com temor e júbilo, e o encherá de tão dominante senso de grandeza divina, que só terá de clamar espontaneamente: “Só Deus é grande!”
Tendo-se isso tudo como certo, contudo Deus mesmo aplica aos homens a palavra grande, como quando o anjo diz a Zacarias que o filho que há de nascer “será grande diante do Senhor”, ou como quando Cristo fala de alguns que serão grandes no reino dos céus.
Obviamente há duas espécies de grandezas reconhecidas nas Escrituras – uma grandeza incriada e absoluta, que pertence somente a Deus, e uma grandeza finita e relativa, conseguida ou recebida por certos amigos de Deus e filhos da fé que, pela obediência e renúncia própria, procuraram tornar-se tão semelhantes a Deus quanto possível. É desta última espécie de grandeza que falamos.
Procurar grandeza não é errado em si. Os homens foram feitos à imagem de Deus e receberam poder para sujeitar e dominar a terra. O próprio desejo que o homem tem de elevar-se acima do seu presente estado e de fazer com que todas as coisas se lhe submetam, pode muito bem ser o cego impulso da sua natureza decaída para cumprir o propósito pelo qual foi criado. O pecado perverteu este instinto natural, como fez com todos os outros. Os homens abandonaram a sua primeira posição e, em sua ignorância moral, invariavelmente procuram grandeza onde esta não se encontra, e buscam alcançá-la por meios sempre inúteis e muitas vezes manifestamente iníquos.
Pela vida que viveu e pelas palavras que falou, o nosso Senhor desfez a confusão que existia quanto à grandeza humana. Isto é, Ele a desfez para todos os que se dispõem a ouvir as Suas palavras e a aceitar a Sua vida como modelo para a deles.
A essência do ensino de Cristo é que a verdadeira grandeza está no caráter, não na capacidade ou posição. Em sua cegueira, os homens sempre pensaram que os talentos superiores tornam grande um homem, e é isto que a vasta maioria acredita hoje. Ser dotado de habilidades incomuns na esfera da arte ou da literatura ou da música ou da política, por exemplo, é em si mesmo tido como prova de grandeza, e quem é assim dotado é aplaudido como grande homem. Cristo ensinou, e por Sua vida demonstrou, que a grandeza está em maiores profundidades.
“Governadores dos povos”, foi como Ele denominou os que obtiveram poder político por seus talentos superiores ou que herdaram sua posição de domínio sobre outros homens. É evidente que Cristo não estava impressionado com aquela espécie de grandeza, pois traçou incisiva linha entre ela e a verdadeira grandeza. “Não é assim entre vós”, disse aos Seus seguidores. Introduzira-se novo e radical conceito de grandeza.
Embora uns poucos filósofos e religiosos dos tempos pré-cristãos tenham visto a falácia da idéia humana de grandeza e a tenham desmascarado, foi Cristo quem situou a verdadeira grandeza e mostrou como pode ser obtida. “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo”. É simples e fácil – e que difícil!
A facilidade e a simplicidade estão aí, para qualquer pessoa ver. Só temos de seguir a Cristo no serviço em favor da raça humana, serviço altruísta que só pede para servir, e a grandeza será nossa. Isso é tudo, mas é muitíssimo, pois vai contra tudo que Adão é em nós. Adão ainda sente o instinto por exercer domínio; ouve no íntimo do seu ser a ordem: “Enchei a terra e sujeitai-a”, e não aceita docilmente a ordem para servir. E aí está a confusão, a contradição, que o pecado trouxe, pois, afinal de contas, o pecado é o problema, e o pecado tem de ir embora.
O pecado tem de partir e Adão tem de dar caminho a Cristo; é o que, com efeito, diz nosso Senhor. Pelo pecado, os homens perderam o domínio e perderam o direito a ele, até que venham a recuperá-lo mediante o serviço humilde. Embora redimido da morte e do inferno pela obra vicária de Cristo na cruz, ainda cada homem deve obter separadamente o direito de ter domínio. Cada qual deve cumprir uma longa aprendizagem como servo, antes de estar pronto para governar.
Depois de Cristo ter servido (e Seu serviço incluiu a morte) “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome”. Como homem Ele serviu e conquistou o direito de ter domínio.
Cristo achou fácil servir porque não tinha nenhum pecado. Nada nele se rebelava contra as mais modestas ministrações, requeridas por nossa natureza decaída. Ele sabia onde estava a verdadeira grandeza e nós não o sabemos. Tentamos galgar alta posição, quando Deus ordenou que fôssemos para baixo. “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo”.

A.W. Tozer