segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O EVANGELISMO DE CORAGEM


Você sabe – aquele lugar onde você deveria falar do evangelho, mas, por qualquer razão, você não menciona. È aquele momento estranho onde as palavras somem de sua boca, seu cérebro coloca um cadeado em qualquer versículo da memória, seu respirar se torna irregular, e seu medidor de desculpas esta girando para encontrar alguma forma de sair da conversa.

Há algumas razões do por que a maioria de nós reluta ao testemunhar sobre Jesus Cristo. Uma é o sentimento de ignorância. Não sabemos muito como lidar com isso.
A outra é uma forma de indiferença que nos sobrepõe. Somos bem alimentados. Acreditamos no Salvador. Nossa família está crescendo. Mas meio que mudamos essa responsabilidade para outra pessoa – um evangelista da TV, um pastor, ou um grande líder conferencista que é capaz de professar Cristo tão bem.

Outra razão que somos relutantes é o medo. Ninguém gosta de ser questionado sobre algo que não sabe responder, especialmente com um estranho. Não gostamos do imprevisível. Tememos uma resposta hostil. Tememos parecer tolos. Então escolhemos manter nossa fé para nós mesmos.

Não se deixe enganar – testemunhar requer uma grande dose de coragem.

Também requer um método provado. Vários métodos são empregados para comunicar as boas novas de Cristo aos perdidos. Alguns de perto, parecem ser bem sucedidos e com bons efeitos na superfície, mas por baixo, deixam muito a desejar.

Tome o Caminho Atirador de Elite, por exemplo: “quanto mais cabeças melhor”. Este método numérico é centrado em decisões, e pouco (se algum) esforço é direcionado ao acompanhamento, discipulado ou cultivar um relacionamento. Tais caçadores ansiosos não são difíceis de identificar. Eles podem ser ouvidos contando (auto) as cabeças em seus cinturões ou ser vistos atirando flechas flamejantes em todos os vagões de trem que eles param. O tato não é seu estilo.

O Caminho Harvard é bem diferente: “Vamos todos discutir as religiões do mundo.” Este caminho centrado na razão atrai ambos, genuínos e pseudo-intelectuais, e enquanto pode ser educacional e ocasionalmente bem estimulante, sofre uma pequena desvantagem – ninguém é salvo! Ser sofisticado se torna mais importante que dizer a verdade sobre pecado, céu ou inferno. Discussões entram… decisões saem.

Talvez o mais popular seja o Caminho Mudo: “Sou uma testemunha silenciosa para Deus.” A melhor coisa que pode ser dita sobre este método é que ninguém é ofendido. Com certeza! O santo serviço secreto que se estabelece por esta aproximação egocêntrica, pode ser etiquetado como um Cristão Disfarçado: Sem dúvida ninguém o conhece exceto Deus. Algum lugar no meio do caminho essa pessoa engoliu um dos mais saborosos petiscos do diabo: “Apenas viva uma boa vida Cristã. Outros irão perguntar sobre Cristo se realmente tiver algum interesse, então relaxe.” Francamente, eu posso contar em uma mão (e ter dedos de sobra) o numero de pessoas que de repente vieram a mim e perguntaram como podem conhecer a Jesus Cristo. “Fé”, por favor, lembre, “a Fé é pelo ouvir” (Romanos 10:17).

O que nós precisamos, eu submeto a você, é O Método de Filipe. Este método centrado em Cristo é mostrado em uma série de sete princípios tirados de Atos 8:26-40.
Filipe estava em reuniões evangelísticas em Samaria, quando o Senhor o instruiu para ir a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza. O fiel Filipe “levantou-se e foi”.

Ele estava disponível (Princípio 1). No caminho ele encontrou um eunuco Etíope vindo de Jerusalém retornando para casa. O homem estava sentado em sua carruagem lendo Isaías! E o Espírito do Senhor instigou Filipe para se aproximar do viajante.

Filipe foi guiado pelo Espírito (Princípio 2). Em outras palavras, ele sentiu que Deus estava claramente abrindo a porta.

Filipe cooperou, por obediência (Princípio 3) é essencial. Ele ouviu o homem lendo em voz alta e perguntou, “Entende tu o que lês?” Que começo fantástico!

Uma abertura apropriada (Princípio 4) é muito importante. Filipe não se moveu e começou a pregar, nem encurralou o cavalheiro com perguntas carregadas.
O homem convidou Filipe a sentar-se com ele e ajudá-lo em sua busca pelo entendimento.

Filipe respondeu com grande tática (Princípio 5). Mesmo quando seu pé estava na porta, ele permaneceu gracioso, cortês, e sensível para quando deveria falar sobre a salvação.

Quando esse momento chegou, ele “abriu sua boca” e foi específico (Princípio 6). Nada de diálogo vago sobre religião.
Ele falou apenas de Jesus, o assunto principal.

Os últimos versos descrevem uma curta e memorável seqüência (Princípio 7) Filipe empregou. Filipe saiu de sua zona de conforto porque tinha uma paixão por compartilhar as boas novas de Jesus Cristo com a humanidade ferida. E sobre nós? Levou coragem subir da carruagem. Levou ainda mais para ele abrir a boca. Mas que legado Filipe criou naquele momento. Muitos estudiosos acreditam que a semente que Filipe plantou naquele eunuco Africano, gerou inúmeras colheitas na Etiópia. Tudo por causa de um homem que estava disposto a falar, enquanto muitos outros teriam se calado.
Quando ficarmos ombro a ombro com homens e mulheres espiritualmente famintos e sedentos, e sentirmos a dor interior pela ajuda e esperança, vamos guardar o Caminho Atirador de Elite, descartar o Caminho Harvard, e silenciar o Caminho Mudo. Quando Deus lhe der a oportunidade – e Ele dará; provavelmente logo depois de você ler isto – tente “O Método Filipe. Um ato seu de coragem pode liderar um legado espiritual além do que poderia pedir ou até mesmo imaginar.
Eu não posso imaginar nenhum lugar onde preferiria estar no momento da vinda de Cristo do que andando na frente de uma carruagem do século vinte e um, falando abertamente sobre confiar em Jesus.

Charles R. Swindoll,
“Criando um Legado de Coragem: O Caminho Filipe.” Razões (Março 2004): 1-2. Copyright © 2004 por Charles R. Swindoll, Inc. Todos os direitos reservados mundialmente.Fonte: http://www.razaoparaviver.org/artigos/evangelismoefelipe.html

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O PROPÓSITO


Como começar a construir uma cosmovisão (Visão de Mundo) cristã? A passagem fundamental é a narrativa da criação em Gênesis, porque é o ponto que devemos examinar a fim de aprender qual era o propósito original de Deus ao criar a raça humana. Com a entrada do pecado, os seres humanos saíram do trajeto, afastaram-se do caminho, perderam-se. Porém, quando aceita¬mos a salvação em Cristo, somos recolocados no caminho certo e restau¬rados ao nosso propósito original. A redenção não é somente ser salvo do pecado, mas também ser salvo para algo — retomar a tarefa para a qual fomos originalmente criados.

E qual era a tarefa? Em Gênesis, Deus dá o que chamaríamos de a primeira descrição de cargo: "Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a..." (Gn 1.28) A primeira frase - "Frutificai, e multiplicai-vos"; significa desenvolver o mundo social: formar famílias, igrejas, escolas, cidades, governos, leis. A segunda frase - "enchei a terra, e sujeitai-a"; significa subordinar o mundo natural: fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores, compor músicas. Esta passagem é chamada de o mandato cultural, porque nos fala que nosso propósito original era criar culturas, construir civilizações; nada mais.

Isto significa que nossa vocação ou trabalho profissional não é uma atividade de segunda classe, algo que fazemos para pôr comida na mesa. É a grande obra para a qual fomos criados. O modo como servimos ao Deus Criador pode ser demonstrado ao utilizarmos, com criatividade, os talentos e dons que Ele nos deu. Poderíamos dizer que somos chamados a continuar a obra criativa de Deus. Claro que não criamos do nada, “exttihilo” (do nada), como Deus fez; nosso trabalho é desenvolver a capacidade e potencial que Ele construiu na criação, usando madeira para edificar casas, algodão para fazer roupas ou silício para fazer chips de computador. Embora as modernas instituições sociais e econômicas não se refiram explicita¬mente ao jardim do Éden, sua justificação bíblica está fundamentada no mandato cultural.

Nos primeiros seis dias da narrativa de Gênesis, Deus forma e enche o universo físico: o céu com o sol e a lua, o mar com as criaturas natatórias, a terra com os animais terráqueos. Então, a narrativa faz uma pausa, como a enfatizar que o próximo passo será a culminação de tudo que fora criado. Esta é a única fase no processo criativo em que Deus anuncia com antecedência seu plano, quando os membros da Trindade consultam entre si: "Vamos fazer uma criatura 'à nossa imagem' que nos represente e continue nosso trabalho na terra" (cf. Gn 1.26). Em seguida, Deus cria o primeiro casal humano para ter domínio sobre a terra e governá-la em seu nome.

O texto deixa claro que os seres humanos não são governantes supre¬mos, livres para fazer tudo que desejarem. Seu domínio é uma autoridade delegada — eles são representantes do Governador Supremo, chamados para refletir seu cuidado santo e amoroso para com a criação. Eles têm de "cultivar" (palavra que tem o mesmo radical que "cultura") a terra (Gn 2.15, ARA). O modo como expressamos a imagem de Deus pode ser demonstrado pela nossa criatividade e maneira de construir culturas.

Este era o propósito de Deus quando criou o ser humano, e até hoje continua sendo seu propósito para nós. O plano original de Deus não foi cancelado pela queda. O pecado corrompeu cada aspecto da natureza humana, mas não nos fez menos que humanos. Não somos animais. Ainda refletimos "por espelho" (1 Co 13.12),"obscuramente" (ARA), nossa na¬tureza original como portadores da imagem de Deus. Até os não-cristãos executam o mandato cultural — eles "se multiplicam e enchem a terra", ou seja, casam-se, constituem famílias, abrem escolas, dirigem negócios. E também "cultivam a terra" — consertam carros, escrevem livros, estudam a natureza, inventam novos dispositivos.

Após uma conferência que dei, certa jovem me disse: "Quando você fala sobre o mandato cultural, não diz nada categoricamente cristão; essas são coisas que todo o mundo faz".
Mas é isso mesmo que quero dizer: Gênesis nos fala de nossa verdadei¬ra natureza, das coisas que não podemos deixar de fazer, do modo como Deus criou cada ser humano com um fim específico. Nosso propósito é precisamente cumprir nossa natureza dada por Deus.

A queda não destruiu nosso chamado original, porém o tornou mais difícil. Nosso trabalho é marcado por tristeza e labores. Em Gênesis 3.16,17, o original hebraico usa a mesma palavra para referir-se à "dor" do parto e à "dor" de cultivar alimentos. O texto dá a entender que as duas tarefas centrais da maioridade — criar a próxima geração e ganhar a vida — estarão repletas da dor de viver em um mundo caído e despedaçado. Todos os nossos esforços serão distorcidos e mal orientados pelo pecado e egoísmo.

Quando Deus nos redime, Ele nos liberta da culpa e do poder do pecado, e restaura nossa plena humanidade, de forma que possamos cum¬prir as tarefas para as quais fomos criados. Por causa da redenção de Cristo na cruz, nosso trabalho assume um novo aspecto, pois torna-se um meio de participar dos seus propósitos redentores. Ao cultivarmos a criação, recuperamos nosso propósito original e trazemos uma força redentora para anular o mal e a corrupção que entraram pela queda. Oferecemos nossos dons a Deus para tomarmos parte em fazer com que seu Reino venha e sua vontade seja feita. Com coração e mente renovados, nosso trabalho pode ser inspirado pelo amor a Deus e deleite em seu serviço.

A lição do mandato cultural é que nosso senso de cumprimento de¬pende de nos dedicarmos ao trabalho criativo e construtivo. A existência humana ideal não é lazer eterno ou férias infinitas — ou um recolhimen¬to monástico em oração e meditação —, porém esforço criativo gasto para a glória de Deus e benefício dos outros. Nosso chamado não é so¬mente "ganhar o céu", mas também cultivar a terra; não só "salvar almas", mas servir a Deus pelo trabalho que fazemos. Pois o próprio Deus está comprometido no trabalho de salvação (graça especial) e no trabalho de conservação e desenvolvimento de sua criação (graça comum). Quando obedecermos ao mandato cultural, participaremos do trabalho do pró¬prio Deus, como agentes da sua graça comum.

Este é o rico conteúdo que deve vir à nossa mente quando ouvirmos a palavra redenção. O termo não se refere ao episódio de conversão ocorrido em determinado tempo. Significa alistar-se no empenho vitalício de dedicar nossas habilidades e talentos à construção de coisas que sejam bonitas e úteis, ao mesmo tempo em que combatemos as forças do mal e do pecado que oprimem e distorcem a criação. O livro "E Agora, Como Viveremos?" acrescenta uma quarta categoria: criação, queda, redenção e restauração, para enfatizar o tema da vocação contínua. Certos teólogos sugerem que a quarta categoria deveria ser glorificação, pois assim atentaríamos para nossa meta final de morar nos novos céus e na nova terra, para a qual nosso trabalho aqui é uma preparação.

Qualquer que seja o termo que usemos, ser cristão significa embarcar em um processo vitalício de crescimento na graça em nossa vida pessoal (santificação) e em nossa vocação (renovação cultural). Os novos céus e a nova terra serão a continuidade da criação que hoje conhecemos — purificados pelo fogo, mas re-conhecidamente os mesmos, assim como Jesus era reconhecível no corpo da sua ressurreição. Como C. S. Lewis diz, em sua obra As Crônicas de Nárnia, começamos uma grande história de aventura que nunca termina¬rá.Trata-se da "Grande História que ninguém na terra leu —que continua para sempre — na qual todo capítulo é melhor que o anterior"."'

Nancy Pierce
retirado do Livro: Verdade Absoluta CPAD)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PECADOS SEXUAIS

SINAIS DO HOMEM ESPIRITUAL


O conceito de espiritualidade varia entre os diversos grupos cristãos. Em alguns círculos, a pessoa que fala incessantemente de reli¬gião é julgada como sendo muito espiritual. Outros aceitam a exuberância ruidosa como um sinal de espiritualidade, e em algumas igrejas, o homem que ora em primeiro lugar, por mais tempo e mais alto consegue uma reputação de ser o mais espiritual na assembléia.

Um testemunho vigoroso, orações freqüentes e louvor em voz alta podem entrosar-se perfeitamente com a espiritualidade, mas é importante entendermos que em si mesmos eles não constituem nem provam a presença da mesma.

A verdadeira espiritualidade manifesta-se em certos desejos dominantes. Eles são desejos sempre presentes, fixos, suficientemente poderosos para dominar e controlar a vida da pessoa. Para facilitar, vou mencioná-los, embora não me esforce para decidir sua ordem de importância.

1. Primeiro, o desejo de ser santo em lugar de feliz. A busca da felicidade, tão difundida entre os cristãos que professam uma santidade superior é prova suficiente de que tal santidade não se acha presente. O homem verdadeiramente espiritual sabe que Deus dará abundância de alegria no momento em que possamos recebê-la sem prejudicar nossa alma, mas não exige obtê-la imediatamente.

2. O indivíduo pode ser considerado espiritual quando quer que a honra de Deus avance por meio de sua vida, mesmo que isso signifique que ele mesmo tenha de sofrer desonra ou perda temporárias. Um homem assim ora: "Santificado seja o teu nome", e acrescenta baixinho: "Qualquer seja o custo para mim, Senhor". Ele vive para honrar a Deus, através de uma espécie de reflexo espiritual. Cada escolha envolvendo a glória de Deus, para ele já está feita antes de apresentar-se. Não é necessário que debata o assunto em seu íntimo, pois nada há a discutir. A glória de Deus é necessária para ele; ele a aspira como alguém sufocando-se aspira o ar.

3. O homem espiritual quer carregar a sua cruz. Muitos cristãos aceitam a adversidade ou a tribulação com um suspiro e as chamam de sua cruz, esquecendo de que tais coisas podem acontecer tanto a santos como a pecadores. A cruz é aquela adversidade extra que surge como resultado de nossa obediência a Cristo. Esta cruz não é forçada sobre nós; nós voluntariamente a tomamos com pleno conhecimento das conseqüências. Nós decidimos obedecer a Cristo e fazendo essa escolha, decidimos carregar a cruz.
Carregar a cruz significa ligar-se à Pessoa de Cristo, ser fiel à soberania de Cristo e obediente aos seus mandamentos. O indivíduo espiritual é aquele que manifesta essas características.

4. O cristão espiritual é também aquele que tudo observa sob o ponto de vista de Deus. A capacidade de pesar tudo na balança divina e dar-lhes o mesmo valor dado por Deus, é o sinal de uma vida cheia do Espírito.
Deus olha para tudo e através de tudo ao mesmo tempo. Seu olhar não repousa sobre a superfície mas penetra até o verdadeiro significado das coisas. O cristão carnal olha para um objeto ou uma situação, mas pelo fato de não ver através dela fica entusias¬mado ou deprimido pelo que vê. O homem espiritual tem capacidade para ver através das coisas como Deus vê e pensar nelas como Ele pensa. Ele insiste em ver tudo como Deus vê, mesmo que isso o humilhe e exponha a sua ignorância até o extremo de fazê-lo sofrer.

5. Outro desejo do homem espiritual é morrer retamente em lugar de viver no erro. Um sinal seguro do homem de Deus ama¬durecido é de sua despreocupação com a vida. O cristão terreno, consciente do corpo, olha para a morte com terror no coração; mas à medida que continua vivendo no Espírito torna-se cada vez mais indiferente ao número de anos que vai viver aqui embaixo, e ao mesmo tempo cuida cada vez mais do modo como vive enquanto está aqui. Não irá comprar alguns dias extra de vida ao custo da transigência ou fracasso. Quer acima de tudo ser reto, e fica feliz em deixar que Deus decida quanto tempo deve viver. Ele sabe que pode morrer agora que está em Cristo, mas sabe que não pode agir erradamente, e este conhecimento torna-se um giroscópio que dá esta-bilidade aos seus pensamentos e seus atos.

6. O desejo de ver outros progredirem com sua ajuda é outro sinal do homem que possui espiritualidade. Ele quer ver outros cris¬tãos acima de si e fica feliz quando estes são promovidos e ele negligenciado. Não existe inveja em seu coração; quando seus irmãos são honrados fica satisfeito, por ser essa a vontade de Deus e essa vontade é seu céu na terra. O que é agradável a Deus lhe dá também prazer, e se for do agrado de Deus exaltar outrem acima dele, satisfaz-se com isso.

7. O homem espiritual faz no geral juízos eternos e não temporais. Pela fé supera o poder de atração da terra e o fluxo do tempo e aprende a pensar e sentir como alguém que já deixou o mundo e foi juntar-se à imensa companhia dos anjos e à assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus. Um homem assim preferiria ser útil e não famoso, servir em lugar de ser servido.

Tudo isto se realiza pela operação do Espírito Santo que nele habita. Homem algum pode ser espiritual por si mesmo. Apenas o Espírito da liberdade pode tornar o homem espiritual.

A.W. Tozer - Do livro "O melhor de Tozer"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

COMO EVANGELIZAR EVANGÉLICOS



Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! (Mt 7.22-23)

O meio evangélico é um dos campos missionários mais vastos do nosso país. Alguém duvida? Então fique atento ao modo de pensar e viver dos milhões de “crentes” que andam por aí e ficará surpreso. A maior parte dessa gente não demonstra nenhuma transformação de caráter, nenhuma alteração em seus valores, nenhum compromisso com a santificação e nenhum grau de discernimento espiritual. Parece que a estratégia principal do diabo para destruir a obra de Deus nas últimas décadas deixou de ser debilitar igrejas verdadeiras com os atrativos da apostasia. Agora, ele cria igrejas falsas compostas por cadáveres espirituais apodrecidos com o objetivo de emporcalhar o santo nome de cristão diante do mundo.

Esse método tem dado certo. Com efeito, não é difícil encontrar “crentes” de todos os tipos. Há evangélicos que formam blocos de carnaval e mulheres “cristãs” que falam e se comportam como prostitutas desavergonhadas. Há ainda “pastores", missionários e evangelistas hábeis na “arte” do estelionato, além de uma massa enorme de gente de péssima qualidade moral que, às vezes, sai em passeata pela rua gritando o nome de Jesus com a mesma boca com que fala palavrões.

Isso mostra que, de fato, o meio evangélico é um vasto campo missionário. Crentes de verdade, pessoas que conheceram o real poder do evangelho de Cristo, devem testemunhar a esse povo acerca da graça salvadora de Deus, evitando acreditar na piada de que eles são irmãos na fé que precisam apenas de algumas correções. Não. O problema básico da maioria dos neo-evangélicos não é falta de doutrina, mas sim falta de novo nascimento, sendo dever do cristão genuíno apresentar-lhes o evangelho da cruz.

Como isso pode ser feito de forma inteligente, sem deixar que a discussão se perca em meio a opiniões religiosas sem importância? Bom, não acredito em métodos infalíveis do tipo “Doze passos para ganhar um evangélico para Cristo”. Como pastor reformado, penso que só o convencimento do Espírito Santo pode conduzir alguém aos pés da cruz. Creio, contudo, que no trato com crentes falsos, o mensageiro do Senhor pode evitar perder tempo com tolices se agir da forma descrita a seguir.

Primeiro, pergunte se o “irmão” é crente. Não se assuste. A reação dele vai ser mais ou menos assim: “É claro que sou! Eu já não lhe falei que faço parte da Comunidade Evangélica Fogo da Sarça – Sede Mundial?” É nesse ponto que você vai fazer a pergunta fatal. Diga-lhe mais ou menos o seguinte: “Ah, é verdade! Você havia dito... E como foi sua conversão?” Pronto. É aqui que tudo desaba. O neo-evangélico não sabe o que é conversão. Ele vai ficar confuso, vai perguntar o que você quis dizer com essa pergunta, vai contar como foi batizado, como Jesus curou a dor que ele tinha no braço, como o pastor profetizou que ele ia achar emprego, enfim, vai dizer uma tonelada de sandices.

Então você deverá responder: “Amigo, eu tenho certeza de que todos esses episódios foram importantes para você, mas eu perguntei outra coisa. Eu perguntei quando foi que você, após ouvir ou ler a Palavra de Deus, descobriu apavorado que era um pecador perdido, separado da glória de Deus e caminhando para a perdição eterna; quando foi que, ouvindo o Evangelho, você aprendeu que Cristo veio a este mundo como substituto perfeito, a fim de sofrer a punição pelo nosso pecado; quando você entendeu o sentido de sua morte e ressurreição e quando, enfim, com essas informações em mente, você se lançou humilhado aos pés da cruz, dizendo: “Senhor, concede-me os benefícios da tua obra redentora. Lava-me, purifica-me, perdoa-me, salva-me. Eu te recebo, pela fé, como Deus e Salvador.’ Quando foi que isso aconteceu em sua vida?”

Não estranhe. O “irmão” vai olhar para você como se estivesse diante de um ET falando mandarim. Tenha, então, compaixão dele e, pacientemente, passe a explicar-lhe todas as coisas que disse.

Bom, espero que essas “dicas” ajudem. Ainda mais considerando que temos evangélicos incrédulos por toda parte, “revelando” que há muito trabalho a fazer. Realmente temos de aceitar esse fato: o nosso quintal também está branco para a ceifa.

Pr. Marcos Granconato
Retirado do site: http://www.igrejaredencao.org.br/ibr/

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O CAMINHO DA VERDADEIRA GRANDEZA


“Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva”, disse o nosso Senhor (Mateus 20.20-28). Destas palavras podemos concluir corretamente (e o contexto dá forte apoio à conclusão) que não há nada de errado no desejo de ser grande, desde que (1) busquemos o tipo certo de grandeza; (2) deixemos que Deus decida o que é grandeza; (3) estejamos dispostos a pagar o preço total que a grandeza exige, e (4) nos contentemos em esperar pelo juízo de Deus para resolver toda a questão de quem é grande afinal.
Contudo, é vitalmente importante saber o que Cristo quis dizer quando empregou a palavra grande com relação aos homens, e o que Ele tinha em mente não se pode achar no léxico ou dicionário. Só é bem compreendido quando visto em seu amplo cenário teológico. Ninguém cujo coração teve uma visão de Deus, por mais curta e imperfeita que essa visão posa ter sido, jamais se permitirá pensar de si ou de outrem como sendo grande. Ver a Deus, quando Ele se manifesta em temível majestade aos espantados olhos da alma, fará o adorador cair de joelhos com temor e júbilo, e o encherá de tão dominante senso de grandeza divina, que só terá de clamar espontaneamente: “Só Deus é grande!”
Tendo-se isso tudo como certo, contudo Deus mesmo aplica aos homens a palavra grande, como quando o anjo diz a Zacarias que o filho que há de nascer “será grande diante do Senhor”, ou como quando Cristo fala de alguns que serão grandes no reino dos céus.
Obviamente há duas espécies de grandezas reconhecidas nas Escrituras – uma grandeza incriada e absoluta, que pertence somente a Deus, e uma grandeza finita e relativa, conseguida ou recebida por certos amigos de Deus e filhos da fé que, pela obediência e renúncia própria, procuraram tornar-se tão semelhantes a Deus quanto possível. É desta última espécie de grandeza que falamos.
Procurar grandeza não é errado em si. Os homens foram feitos à imagem de Deus e receberam poder para sujeitar e dominar a terra. O próprio desejo que o homem tem de elevar-se acima do seu presente estado e de fazer com que todas as coisas se lhe submetam, pode muito bem ser o cego impulso da sua natureza decaída para cumprir o propósito pelo qual foi criado. O pecado perverteu este instinto natural, como fez com todos os outros. Os homens abandonaram a sua primeira posição e, em sua ignorância moral, invariavelmente procuram grandeza onde esta não se encontra, e buscam alcançá-la por meios sempre inúteis e muitas vezes manifestamente iníquos.
Pela vida que viveu e pelas palavras que falou, o nosso Senhor desfez a confusão que existia quanto à grandeza humana. Isto é, Ele a desfez para todos os que se dispõem a ouvir as Suas palavras e a aceitar a Sua vida como modelo para a deles.
A essência do ensino de Cristo é que a verdadeira grandeza está no caráter, não na capacidade ou posição. Em sua cegueira, os homens sempre pensaram que os talentos superiores tornam grande um homem, e é isto que a vasta maioria acredita hoje. Ser dotado de habilidades incomuns na esfera da arte ou da literatura ou da música ou da política, por exemplo, é em si mesmo tido como prova de grandeza, e quem é assim dotado é aplaudido como grande homem. Cristo ensinou, e por Sua vida demonstrou, que a grandeza está em maiores profundidades.
“Governadores dos povos”, foi como Ele denominou os que obtiveram poder político por seus talentos superiores ou que herdaram sua posição de domínio sobre outros homens. É evidente que Cristo não estava impressionado com aquela espécie de grandeza, pois traçou incisiva linha entre ela e a verdadeira grandeza. “Não é assim entre vós”, disse aos Seus seguidores. Introduzira-se novo e radical conceito de grandeza.
Embora uns poucos filósofos e religiosos dos tempos pré-cristãos tenham visto a falácia da idéia humana de grandeza e a tenham desmascarado, foi Cristo quem situou a verdadeira grandeza e mostrou como pode ser obtida. “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo”. É simples e fácil – e que difícil!
A facilidade e a simplicidade estão aí, para qualquer pessoa ver. Só temos de seguir a Cristo no serviço em favor da raça humana, serviço altruísta que só pede para servir, e a grandeza será nossa. Isso é tudo, mas é muitíssimo, pois vai contra tudo que Adão é em nós. Adão ainda sente o instinto por exercer domínio; ouve no íntimo do seu ser a ordem: “Enchei a terra e sujeitai-a”, e não aceita docilmente a ordem para servir. E aí está a confusão, a contradição, que o pecado trouxe, pois, afinal de contas, o pecado é o problema, e o pecado tem de ir embora.
O pecado tem de partir e Adão tem de dar caminho a Cristo; é o que, com efeito, diz nosso Senhor. Pelo pecado, os homens perderam o domínio e perderam o direito a ele, até que venham a recuperá-lo mediante o serviço humilde. Embora redimido da morte e do inferno pela obra vicária de Cristo na cruz, ainda cada homem deve obter separadamente o direito de ter domínio. Cada qual deve cumprir uma longa aprendizagem como servo, antes de estar pronto para governar.
Depois de Cristo ter servido (e Seu serviço incluiu a morte) “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome”. Como homem Ele serviu e conquistou o direito de ter domínio.
Cristo achou fácil servir porque não tinha nenhum pecado. Nada nele se rebelava contra as mais modestas ministrações, requeridas por nossa natureza decaída. Ele sabia onde estava a verdadeira grandeza e nós não o sabemos. Tentamos galgar alta posição, quando Deus ordenou que fôssemos para baixo. “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo”.

A.W. Tozer

terça-feira, 27 de julho de 2010

BALÃO VERMELHO

Quão Estranho e Maravilhoso é o Amor de Cristo



Por muitos anos eu tenho procurado entender como o fato de Deus ter a si mesmo no centro de tudo se relaciona com o Seu amor por pecadores como nós. A maioria das pessoas não vê de imediato a paixão de Deus pela Sua glória como um ato de amor. Uma razão para isso é que nós absorvemos a definição que o mundo possui de amor. Ela diz: você é amado quando fazem com que você seja destacado. Em outras palavras, amar alguém significa torná-lo ou torná-la importante.

O maior problema com esta definição de amor é que quando você tenta aplicá-la ao amor de Deus por nós, ela distorce a realidade. O amor de Deus por nós NÃO se concentra em fazer-nos importantes, mas em dar-nos a habilidade de torná-lo importante por toda a eternidade. Em outras palavras, o amor de Deus por nós faz com que Ele esteja no centro de tudo. O amor de Deus por nós exalta o Seu valor e a nossa satisfação nele. Se o amor de Deus nos tornasse o centro de tudo e focados em nosso próprio valor, ele nos distrairia do que é mais precioso, que é Ele mesmo. O amor trabalha duro e sofre para nos cativar com o que é infinitamente e eternamente gratificante: Deus. Portanto, Deus trabalha duro e sofre para quebrar nossa sujeição à idolatria do ego e focalizar nossas afeições no tesouro que é Deus.

Eu vi isso novamente na história da doença e morte de Lázaro.

Ora, um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria, cujo irmão Lázaro estava doente, era a mesma que derramara perfume sobre o Senhor e lhe enxugara os pés com os cabelos. Então as irmãs mandaram dizer a Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está doente”. Ao ouvir isto, Jesus disse: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”. Jesus amava a Marta, à irmã dela e a Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou onde estava mais dois dias.

Note três coisas surpreendentes:

1) Jesus escolheu deixar Lázaro morrer. Versículo 6: “No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou onde estava mais dois dias.” Não havia pressa. Sua intenção não era poupar a família da dor, mas ressucitar Lázaro dos mortos.

2) Sua motivação era a paixão pela glória de Deus manifestada em Seu glorioso poder. Versículo 4: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”.

3) Todavia, tanto a decisão de deixar Lázaro morrer quanto a motivação de magnificar a Deus eram expressões de amor por Maria, Marta e Lázaro. Versículo 5: “Jesus amava a Marta, à irmã dela e a Lázaro... por isso Ele ficou... onde Ele estava.”

Oh, quantas pessoas hoje - até mesmo cristãos - murmurariam a Jesus por insensivelmente ter deixado Lárazo morrer e fazer com que ele, Marta, Maria e outros passassem pelo sofrimento e pela agonia daqueles dias. E se eles vissem que isto foi motivado pelo desejo de Jesus de magnificar a glória de Deus, muitos diriam que isto foi rude ou insensível. O que isto mostra é como as pessoas colocam a vida livre de sofrimento muito acima da glória de Deus. Para a maioria das pessoas o amor é algo que coloca o valor humano e o bom-estar humano no centro de tudo. Por isso, o comportamento de Jesus é incompreensível para eles.

Mas nós não devemos dizer a Jesus o que é o amor. Não vamos instruí-lo como Ele deveria amar-nos e nos fazer o centro de tudo. Vamos aprender com Jesus o que é o amor e o que realmente é o nosso bem-estar. Amar é fazer o que for necessário para ajudar as pessoas verem e provarem a glória de Deus para todo o sempre. O amor mantém Deus no centro de tudo. É assim porque a alma foi feita por Deus.

Jesus mostra que este caminho é correto pela Sua oração em João 17:24: "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo". O amor de Jesus o leva a orar por nós e a morrer por nós, NÃO para que o nosso valor seja o centro de tudo, mas para que Sua glória seja o centro de tudo, e para que nós vejamos e provemos isso por toda a eternidade. “E vejam a minha glória” - para isso Ele deixou Lázaro morrer, e para isso ele foi para a cruz.

Aprendendo como se sentir amado com o amor cujo centro é Deus,

Pastor John Piper

segunda-feira, 5 de julho de 2010

JESUS NÃO ERA CRISTÃO



Muita gente pensa que sim. Todavia, a religião de Jesus não era cristianismo. Explico. Jesus não tinha pecado, nunca confessou pecados, nunca pediu perdão a Deus (ou a ninguém), não foi justificado pela fé, não nasceu de novo, não precisava de um mediador para chegar ao Pai, não tinha consciência nem convicção de pecado e nunca se arrependeu. A religião de Jesus era aquela do Éden, antes do pecado entrar. Era a religião da humanidade perfeita, inocente, pura, imaculada, da perfeita obediência (cf. Lc 23:41; Jo 8:46; At 3:14; 13:28; 2Co 5:21; Hb 4:15; 7:26; 1Pe 2:22).

Já o cristão – bem, o cristão é um pecador que foi perdoado, justificado, que nasceu de novo, que ainda experimenta a presença e a influência de sua natureza pecaminosa. Ele só pode chegar a Deus através de um mediador. Ele tem consciência de pecado, lamenta e se quebranta por eles, arrepende-se e roga o perdão de Deus. Isto é cristianismo, a religião da graça, a única religião realmente apropriada e eficaz para os filhos de Adão e Eva.

Assim, se por um lado devemos obedecer aos mandamentos de Jesus e seguir seu exemplo, há um sentido em que nossa religião é diferente da dele.
Quando as pessoas não entendem isto, podem cometer vários enganos. Por exemplo, elas podem pensar que as pessoas são cristãs simplesmente porque elas são boas, abnegadas, honestas, sinceras e cumpridoras do dever, como Jesus foi. Sem dúvida, Jesus foi tudo isto e nos ensinou a ser assim, mas não é isso que nos torna cristãos. As pessoas podem ser tudo isto sem ter consciência de pecado, arrependimento e fé no sacrifício completo e suficiente de Cristo na cruz do Calvário e em sua ressurreição – que é a condição imposta no Novo Testamento para que sejamos de fato cristãos.

Este foi, num certo sentido, o erro dos liberais. Ao removerem o sobrenatural da Bíblia, reduziram o Jesus da história a um mestre judeu, ou um reformador do judaísmo, ou um profeta itinerante, ou ainda um exorcista ambulante ou um contador de parábolas e ditos obscuros que nunca realmente morreu pelos pecados de ninguém (os liberais ainda não chegaram a uma conclusão sobre quem de fato foi o Jesus da história, mas continuam pesquisando...). Para os liberais, todas estas doutrinas sobre o sacrifício de Cristo, sua morte e ressurreição, o novo nascimento, justificação pela fé, adoção, fé e arrependimento, foram uma invenção do Cristianismo gentílico. Eles culpam especialmente a Paulo por ter inventando coisas que Jesus jamais havia dito ou ensinado, especialmente a doutrina da justificação pela fé.

Como resultado, os liberais conceberam o Cristianismo como uma religião de regras morais, sendo a mais importante aquela do amor ao próximo. Ser cristão era imitar Cristo, era amar ao próximo e fazer o bem. E sendo assim, perceberam que não há diferença essencial entre o Cristianismo e as demais religiões, já que todas ensinam que devemos amar o próximo e fazer o bem. Falaram do Cristo oculto em todas as religiões e dos cristãos anônimos, aqueles que são cristãos por imitarem a Cristo sem nunca terem ouvido falar dele.

Se ser cristão é imitar a Cristo, vamos terminar logicamente no ecumenismo com todas as religiões. Vamos ter que aceitar que Gandhi era cristão por ter lutado toda sua vida em prol dos interesses de seu povo. A mesma coisa o Dalai Lama e o chefe do Resbolah.

Não existe dúvida que imitar Jesus faz parte da vida cristã. Há diversas passagens bíblicas que nos exortam a fazer isto. No Novo Testamento encontramos por várias vezes o Senhor como exemplo a ser imitado. Todavia, é bom prestar atenção naquilo em que o Senhor Jesus deve ser imitado: em procurarmos agradar aos outros e não a nós mesmos (1Co 10:33 – 11:1), na perseverança em meio ao sofrimento (1Ts 1:6), no acolher-nos uns aos outros (Rm 15:7), no andarmos em amor (Ef 5:23), no esvaziarmos a nós mesmos e nos submeter à vontade de Deus (Fp 2:5) e no sofrermos injustamente sem queixas e murmurações (1Pe 2:21). Outras passagens poderiam ser citadas. Todas elas, contudo, colocam o Senhor como modelo para o cristão no seu agir, no seu pensar, para quem já era cristão.

Não me entendam mal. O que eu estou tentando dizer é que para que alguém seja cristão é necessário que ele se arrependa genuinamente de seus pecados e receba Jesus Cristo pela fé, como seu único Senhor e Salvador. Como resultado, esta pessoa passará a imitar a Cristo no amor, na renúncia, na humildade, na perseverança, no sofrimento. A imitação vem depois, não antes. A porta de entrada do Reino não é ser como Cristo, mas converter-se a Ele.

Augustus Nicodemus Lopes
Retirado do Blog O tempora:
http://tempora-mores.blogspot.com/2010/06/jesus-nao-era-cristao.html

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A BUSCA DA SANTIDADE


Muitos dos segredos da santidade nos são revelados nas páginas da Bíblia. De fato, um dos objetivos principais da Escritura é mostrar ao povo de Deus como levar uma vida que lhe seja digna e que lhe agrade. Porém um dos aspectos mais negligenciados na busca da santidade é a parte que compete à mente, conquanto o próprio Jesus tenha posto o assunto fora de qualquer dúvida quando prometeu: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. É mediante a sua verdade que Cristo nos liberta da escravidão do pecado. De que forma? Onde se encontra o poder libertador da verdade?

Para começarmos, precisamos ter um quadro bem claro do tipo de pessoa que Deus pretende que sejamos. Temos de conhecer a lei moral de Deus e os mandamentos. Como o expressou John Owen: “o bem que a mente não é capaz de descobrir, a vontade não pode escolher, nem as afeições podem se apegar”.. Portanto, “na Escritura o engano da mente comumente se apresenta como o princípio de todo pecado”.

O melhor exemplo disso pode-se encontrar na vida terrena do nosso Salvador. Por três vezes o diabo aproximou-se dele e o tentou no deserto da Judéia. Nas três vezes Ele reconheceu se má a sugestão que lhe fizera Satanás e contrária à vontade de Deus. Três vezes Ele se opôs à tentação com a palavra gegraptai: “está escrito”. Jesus não deu margem a qualquer discussão ou argumentação. A questão já estava decidida, logo de partida, em sua mente. Pois a Escritura estabelecera o que é certo. Este claro conhecimento bíblico da vontade de Deus é o segredo básico de uma vida reta.

Não basta sabermos o que deveríamos ser, entretanto. Temos de ir mais além, resolvendo, em nossas mentes, a alcançá-la. A batalha é quase sempre ganha na mente. É pela renovação de nossa mente que nosso caráter e comportamento se transformam. Assim é que, seguidamente, a Escritura nos exorta a uma disciplina mental nesse sentido. “Tudo o que é verdadeiro”, diz ela, “tudo o que respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.

De novo: Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.

De novo ainda: “Os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz”.

O autocontrole é, antes de tudo, o controle da mente. O que semeamos em nossas mentes, colhemos em nossas ações. “Ler É Viver” foi o lema de uma recente campanha publicitária. É um testemunho do fato de que a vida não consiste apenas em trabalhar, comer, dormir. A mente tem de ser também alimentada. E o tipo de comida que nossas mentes receberem determinará que tipo de pessoa seremos. Mentes sadias têm um apetite sadio. Temos de satisfazê-las com alimento saudável, e não com drogas e venenos intelectuais perigosos.

Há, entretanto, uma outra espécie de disciplina mental a que somos convocados no Novo Testamento. Temos que considerar não somente o que deveríamos ser, mas também o que, pela graça de Deus, já somos. Devemos constantemente nos lembrar do que Deus já fez por nós, e dizer a nós mesmos: “Deus uniu-me com Cristo em sua morte e ressurreição, e assim acabou com a minha velha vida e me deu uma vida completamente nova em Cristo. Adotou-me em sua família e me fez seu filho. Pôs em mim seu Espírito Santo, fazendo de meu corpo seu templo. Também tornou-se seu herdeiro e prometeu-me um destino eterno, consigo, no céu. Isto é o que Ele fez para mim e em mim. Isto é o que sou em Cristo”.

Paulo não se cansa de nos incitar a que deixemos nossas mentes pensar nessas coisas. “Quero que saibais”, ele escreve. “Porque não quero, irmãos, que ignoreis...”E cerca de dez vezes em suas cartas aos Romanos e Coríntios ele profere esta pergunta incrédula: “Não sabeis...” “Não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus , fomos batizados na sua morte?” Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos...? “Não sabeis que sois santuários de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?

A intenção do apóstolo nesta enxurrada de perguntas não é apenas fazer-nos sentir envergonhados por nossa ignorância. É antes fazer com que nos dizem respeito, as quais de fato nos são bem conhecidas; e que falemos entre nós sobre elas até o ponto em que se apoderem de nossas mentes e moldem o nosso caráter. Não se trata do otimismo de autoconfiança de Norman Vicent Peale, cujo método procura conseguir que façamos de conta que somos algo que não somos. O método de Paulo é nos lembrar do que realmente somos, porque assim nos fez Deus em Cristo.

John Stott
Fonte: Crer é também pensar,

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aceitar a Jesus?



Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele, sem qualquer influência por parte de quaisquer obras praticadas.
"O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir a saída eterna da face de Deus.

Os cristãos "evangelicais" fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seu Salvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; João 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula "Aceite Cristo" tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda a instrução que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas para descobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva".

A dificuldade está em que a atitude "Aceite Cristo" está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Ele fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.
Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse "aceito" no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo "aceitasse" o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo? É preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude!
Ao permitir que a expressão "Aceite Cristo" represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.

"Aceitar Cristo" é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus, absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de Sua companhia.
Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é.
Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como Salvador hoje, e aguardando até amanhã para decidir quanto à Sua soberania.
O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.

Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do Seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.

O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na Sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer o significado das palavras: "pois, segundo ele é, nós somos neste mundo" (1 João 4:17). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como o nosso.

Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.

A.W.Tozer
Livro: O melhor de Tozer

segunda-feira, 24 de maio de 2010

GAROTOS E GAROTAS


Quando preguei a mensagem que inspirou este livro, dirigi-me a uma audiência masculina na sua totalidade, mas as primeiras palavras que disse, foram dirigidas a qualquer mulher que quisesse escutar a fita cassete da minha palestra. "Deixemos algo claro", disse com um sorriso, "esta mensagem não é para você!". A audiência masculina protestou.

"E não me venham com a desculpa de que querem ‘entender aos seus irmãos’", continuei, "nada disso! Desligue o som agora mesmo!".

Os rapazes concordavam que seria muito embaraçoso se houvesse mulheres escutando a sessão de luxúria "exclusiva para homens". Estávamos seguros de que se as moças soubessem como lutamos com a impureza, nos teriam como uma porção de animais obcecados pela sexualidade. Entre os homens existe a crença de que a luxúria é questão de rapazes e que a moças não podem entender.

Porém, poucos dias depois, recebi pedidos de muitas mulheres que desejavam escutar a fita cassete. Várias planejaram falar do assunto em grupos pequenos. Ouviram os rapazes que comentavam sobre a mensagem e desejaram escutar, não porque desejavam "entender" os homens, mas porque, também, elas lutavam com a luxúria. Tenho aprendido que os homens e as mulheres têm mais em comum do que se pensa. Neste capítulo, quero observar o que ambos possuem em comum quanto à luxúria, em que somos diferentes e como podemos ajudar-nos uns aos outros.

Comecemos por desmascarar os erros conceituais mais persistentes que temos a respeito do sexo oposto.

AS MULHERES TAMBÉM ENFRENTAM LUTAS

Ao falar da luxúria o maior erro com respeito às mulheres é que só lutam contra a luxúria no âmbito emocional. Ao longo dos anos, muitos livros cristãos (o meu inclusive) vêm enfatizando que os homens lutam com o aspecto físico e devem guardar seus olhos, ao passo que as mulheres precisam lutar contra as suas emoções. E se nesta generalização não se fazem as ressalvas correspondentes, as pessoas talvez fiquem com a impressão de que as mulheres nunca precisam lutar com a luxúria como um desejo físico claro, ou que a sua luta contra a luxúria seja menos real. Isso não é verdade. "Nós, mulheres, também temos impulsos sexuais", me escreveu Katie. "Creia em mim, como mulher virgem de vinte e dois anos, sei o que digo".

Meu objetivo não é convencer ninguém de que as mulheres lutam contra a luxúria tanto quanto os homens, ou da mesma maneira; definitivamente, não é isso que importa. Entretanto, muitas mulheres lutam contra a luxúria, no que se pode chamar formas masculinas tradicionais: tentação de ver pornografia, de se masturbar e se concentrar no intenso desejo físico para com a relação sexual. Muitas vezes, estas mulheres têm impedimentos na sua luta contra a luxúria porque a vergonha as consome, devido à maneira particular em que lutam. "Parece que estive lutando contra algo que é para rapazes", disse uma jovem.

"É assombrosa a falta de recursos para mulheres que existe sobre esse assunto", me escreveu Carla. "Não há seminários para nós. O aspecto da luxúria feminina está envolto na névoa e as mulheres necessitam entender as raízes da sua luta".

Outra mulher, chamada Kathryn disse que a luxúria parecia ser um tabu entre as suas amigas cristãs. "Algumas vezes, tenho a clara impressão de que sou a única cristã que luta com este problema", explicou.

Você não é a única mulher que precisa fazer frente à luxúria física. A Palavra de Deus diz: "Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; Ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, Ele mesmo lhes providenciará um escape, para que a possam suportar" (1 Co 10.13).

Mulheres, não importa se o impulso sexual que tenham seja forte como o dos rapazes, ou se não se compara com o de outras moças que conhecem. O que importa é se buscam em Deus a força para controlar seus desejos. O que importa é se fogem ou não, e se buscam a santidade porque amam ao Senhor.

TODOS OS HOMENS SÃO MONSTROS?

Um dos maiores erros que existem com respeito aos homens é que o seu problema com a luxúria é bem pior e mais sério do que acontece com uma mulher. Em outras palavras, os homens são monstros, ao passo que as mulheres são inocentes e puras.

Com certeza, a luxúria dos homens é mais evidente, mas não, necessariamente, mais pecaminosa. Os rapazes têm maior tendência ao visual e, como resultado, sua luxúria é mais visível. Além do mais, como Deus criou o homem para tomar a iniciativa e buscar a mulher, suas expressões de luxúria são, em geral, mais agressivas e descaradas.

Aqui há uma pergunta: a luxúria de um rapaz, descarada e evidente, é pior que a de uma moça, mais refinada e sutil? Uma jovem de dezenove anos, chamada Stacey não pensa assim. Escreveu-me a seguinte carta, em que me contou como Deus lhe havia trazido convicção de pecado sobre muitas das "inofensivas" expressões de luxúria das mulheres.

Durante o deslize do ano passado, percebi o quão bem preparada está a minha mente para a luxúria nas olhadas que dou para os rapazes. Os rapazes podem ser objetos da luxúria tanto quanto as mulheres. Se pudesse contar quantos filmes tenho ido ver com minhas amigas só porque havia um ator lindo, envergonharía-me observar a quantidade. Além dos programas de televisão e as capas das revistas. Toda nossa cultura pensa que é perfeitamente normal as moças babarem diante de um tipo erótico; na verdade, motiva essa atitude. No ensino médio, passei três anos nos quais era fanática por um rapaz que tocava na banda e do qual não direi o nome. Fui a inumeráveis quantidades de shows, nos quais gritava e corria para frente, buscando me aproximar o máximo que pudesse do palco. Se isso não é luxúria, não sei o que é. Reduzia o valor de um rapaz à baixa condição de quão atrativo era no aspecto físico.

Não nos ajuda pensar que uma moça que experimenta a impureza sexual, enquanto olha uma comédia romântica, seja menos desobediente que um rapaz que experimenta sensações, ao olhar um filme proibido para menores que contém cenas de sexo. Os dois estão dando concessões à luxúria.

O que quero destacar é que nenhum de nós deveria se sentir a salvo, porque nossas expressões de luxúria são aceitáveis ou civilizadas, conforme a nossa cultura. Não digo isso para desculpar o pecado de nenhum homem, nem para tirar alguém da lama. Não quero dizer que os rapazes não sejam maus. O que quero dizer é que toda luxúria é má. Distantes da graça de Deus que opera em nós e nos transforma, todos somos monstros. De qualquer forma que a luxúria se expresse, está motivada pelo desejo pecaminoso de obter o proibido.

DE QUE MANEIRA SOMOS DIFERENTES?

Ainda que tenhamos muitas coisas em comum, Deus nos fez homens e mulheres de forma gloriosa. Somos criados para complementar um ao outro. Possuímos diferentes pontos fortes e "conexões" diferentes no aspecto sexual.

Ao nos referirmos às diferenças entre homens e mulheres, as seguintes declarações são, em geral, precisas e podem nos servir de ajuda, se as observamos:

Na maioria das vezes, o desejo sexual do homem é mais físico, enquanto que o da mulher se encontra, quase sempre, mais ligado aos anseios emocionais.

Em geral, o homem está programado para ser o que inicia a relação sexual e sua estimulação é visual; a mulher, por outro lado, está programada para ser a que responde na área sexual e é estimulada por meio do contato físico.

O homem foi criado para buscar e tal busca o estimula; a mulher foi criada para que a busquem e é estimulada quando procurada.

Não é maravilhoso ver como Deus fez homens e mulheres para interagirem um com o outro? Fez os homens como uma inclinação ao visual, então, fez a mulheres lindas. Fez os homens, a fim de que sejam os que iniciam, então, desenhou as mulheres para desfrutarem ao serem buscadas. No coração de todo o homem existe o desejo inato de cortejar e ganhar a afeição de uma mulher. Deus planta no coração da garota, desde cedo, o desejo de ser atrativa. Tudo isso é parte do maravilhoso desenho de Deus.

Quando compreendemos o plano de Deus, isto nos ajuda a ver por onde os desejos luxuriosos buscarão sabotar o propósito original. A luxúria sempre começa com algo bom, como os espelhos dos parques de diversão, toma o desenho de Deus e o distorce.

PRAZER E PODER

A luxúria tira o brilho e torce a verdadeira masculinidade e feminilidade de maneiras danosas. Faz com que o bom desejo do homem de buscar se reduza a "capturar" e "usar", e com que o bom desejo da mulher de ser bonita, se reduza à "sedução" e "manipulação". Em geral, parece que tanto a homens quanto a mulheres, a luxúria os tenta de duas maneiras exclusivas: os homens são tentados pelo prazer que a luxúria oferece, e as mulheres são tentadas pelo poder oferecido por ela.

O motor da luxúria em um rapaz é, em geral, o desejo de sentir prazer sexual e físico. O "benefício" que a luxúria lhe oferece é sentir-se bem. A luxúria do homem o leva a separar o corpo da mulher de sua alma, mente e pessoa, e a usá-la em busca do seu prazer egoísta. Não é por isso que a maior parte da pornografia está dirigida aos homens e pinta as mulheres de forma exclusiva para o prazer deles? A pornografia reforça a mentira de que as mulheres são brinquedos sexuais, a fim de que os homens as desfrutem, que as mulheres gostam que as usem, não que as amem nem as valorizem. Alguns homens preferem masturbar-se, olhando pornografia, em vez de iniciar uma relação real com uma mulher, porque isto lhes permite viver na fantasia de que seu prazer é tudo o que importa.

Talvez, a mulher sinta a tentação de uma maneira similar, mas parece que a luxúria não a alcança de maneira tão natural. O que a alcança de maneira natural é o desejo de intimidade. Então, quando vê um homem sedutor num anúncio publicitário, pode sentir-se tentada a fantasiar com a idéia de ter uma relação sexual com ele, mas o mais provável, é que esta tentação se encontre arraigada numa fantasia de relacionar-se com ele, na qual o prazer físico é um ponto secundário, diante de seu desejo de atenção apaixonada e intimidade emocional.

A luxúria oferece aos homens o prazer de sua sexualidade, sem o esforço que exige a intimidade. Para as mulheres, oferece o poder de obter o que querem no aspecto relacional, se usam sua sexualidade para seduzir. Uma vez, o doutor Albert Mohler fez uma declaração escandalosa, mas precisa: "Os homens se sentem tentados a entregar-se à pornografia; as mulheres se sentem tentadas a produzir pornografia". Se você é uma mulher, não precisa pousar para uma fotografia, nem estar no elenco de um filme pornográfico para produzir pornografia. Quando se veste e se comporta de uma maneira desenhada, a princípio, para despertar o desejo em um homem, você produz pornografia com a sua própria vida.

"Creio que a raiz da luta contra a luxúria para as mulheres é que desejam dominar os homens, desejam controlá-los e manipulá-los por meio do atrativo sexual", me escreveu uma mulher casada de Knoxville. "Se um casal caminha pela rua e os dois vêem um anúncio publicitário muito sedutor, os dois podem se sentir tentados pela luxúria, mas de diferentes modos. O homem se sente tentado pelo prazer sexual com a mulher do anúncio, enquanto, nós, mulheres, desejamos parecer-nos com a mulher do anúncio, porque sabemos que isso é o que querem os homens".
Uma mulher chamada Josie concorda: "Existe um grau de poder na sedução, ainda que tenha uma curta duração e seja falsa. Nós sabemos que possuímos a habilidade de fazer com que um homem faça o que queremos, quando nos vestimos e agimos de uma certa maneira".

Diane evita os anúncios publicitários de lingeries e os vidros das lojas. Devido ao seu pecado sexual passado e à maneira sedutora como se vestia par atrair os rapazes, ver essas imagens lhe produzem ira a frustração. Percebeu que uma das maneiras em que a mulher pratica a luxúria é incitá-la nos homens.

O que o (a) tenta? Reconhece que muitas vezes, essas tentações se intercambiam entre os sexos. Todos podemos nos sentir tentados perante o prazer e o poder que a luxúria oferece; mas se compreendemos qual é a inclinação habitual do homem e da mulher, quando estamos frente a frente, encontramos ajuda para criar nosso plano de ação para lutar contra a impureza sexual. Identificada a mentira específica da nossa luxúria, podemos mudar a falsa promessa pela verdade específica da Palavra de Deus. Só Deus pode nos dar um prazer duradouro e satisfazer nosso desejo de intimidade.

Joshua Harris
Traduzido por Tiago Abdalla T. Neto do livro:
HARRIS, Joshua. Ni aun se nombre.
http://tiagoabdalla.blogspot.com

terça-feira, 18 de maio de 2010

Como Experimentamos o Amor de Deus no Coração?


Experimentar o amor de Deus, e não apenas pensar sobre este amor, é algo que devemos desejar com todo o coração. É uma experiência de grande alegria porque nela provamos a própria realidade de Deus e de seu amor. É o fundamento de profunda e maravilhosa segurança — a segurança de que nossa esperança “não confunde” (Rm 5.5). Esta segurança nos ajuda a nos gloriarmos “na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2); e nos conduz através das intensas provas de nossa fé.

Esta experiência do amor de Deus é a mesma para todos os crentes? Não. Se todos os crentes tivessem a mesma experiência do amor de Deus, Paulo não teria orado em favor dos crentes de Éfeso: “A fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.18,19). Ele pediu isto porque alguns (ou todos!) eram deficientes em sua experiência do amor de Deus, em Cristo. E podemos supor que não somos todos deficientes na mesma medida em que o eram os crentes de Éfeso.

Como podemos alcançar a plenitude da experiência do amor de Deus, derramado em nosso coração pelo Espírito Santo? Uma das chaves para isso é compreendermos que esta experiência não é semelhante à hipnose, ao choque elétrico, às alucinações induzidas por drogas ou uma boa medida de calafrios. Pelo contrário, tal experiência é mediada pelo conhecimento. Não é o mesmo que conhecimento, mas vem por meio deste. Expressando-o de outra maneira, esta experiência do amor de Deus é obra do Espírito Santo dando-nos gozo indizível em resposta às percepções da mente a respeito da manifestação desse amor na pessoa de Jesus Cristo. Deste modo, Cristo recebe a glória pelo gozo que desfrutamos. É um gozo naquilo que vemos nEle.

Onde você pode ver isto nas Escrituras? Considere 1 Pedro 1.8: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória”. Aqui temos uma experiência de grande e indescritível gozo — um gozo além de quaisquer palavras. Não se fundamenta em uma visão física de Cristo. Está fundamentada em crer em Cristo. Ele é o foco e o conteúdo da mente neste gozo indescritível.

De fato, 1 Pedro 1.6 afirma que o gozo, em si mesmo, está “na” verdade que Pedro está declarando sobre a pessoa de Cristo — “Nisso exultais”. Ao que se refere o termo “isso”? À verdade de que:

1) em sua grande misericórdia, Deus “nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (v. 3);

2) obteremos “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível” (v. 4); e

3) somos “guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (v. 5). Em tudo isso, exultamos “com alegria indizível e cheia de glória” (v. 8).

Sabemos algumas verdades. E nos regozijamos nisso! A experiência de uma alegria indizível é uma experiência mediada. Ela vem por intermédio do conhecimento de Cristo e de sua obra. Tal experiência possui um conteúdo.

Considere também Gálatas 3.5: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” Sabemos, com base em Romanos 5.5, que a experiência do amor de Deus acontece por meio do “Espírito Santo, que nos foi outorgado”. Mas Gálatas 3.5 nos diz que a concessão do Espírito tem conteúdo. Ela se realiza por meio da “pregação da fé”. Há duas coisas: a pregação e a fé. Existe a pregação da verdade a respeito de Cristo e a fé nessa verdade. É desta maneira que o Espírito é concedido. Ele vem por meio de conhecer e crer. A obra dEle é uma obra mediada. Tem conteúdo mental. Acautele-se de buscar o Espírito com esvaziamento de sua mente.

De modo semelhante, Romanos 15.13 afirma que o Deus da esperança nos enche com alegria e paz, “no crer”. E o crer tem conteúdo. O amor de Deus é experimentado em conhecermos e crermos em Cristo, porque Romanos 8.39 diz que o amor de Deus “está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Nada poderá “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Portanto, faça quatro coisas: olhe, ore, renuncie e desfrute.

1. Olhe para Jesus. Considere a Jesus Cristo. Medite na glória e na obra dEle, não de modo casual, e sim intencional. Pense sobre as promessas que Ele fez e assegurou por meio de sua morte e ressurreição.

2. Ore para que Deus abra seus olhos, a fim de contemplarem as maravilhas do amor dEle nestas coisas.

3. Renuncie todas as atitudes e comportamentos que contradizem esta demonstração do amor de Cristo por você.

4. Desfrute a experiência do amor de Deus derramado em seu coração, pelo Espírito Santo.

John Piper
Extraído do livro:Penetrado pela Palavra, de John Piper
Copyright: © Editora FIEL 2009.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O MEDIDOR DE BONDADE

Eu e as autoridades


Introdução

Onde já se viu; ter que escutar e até obedecer aos “velhos” desta igreja? Os líderes e pastores daqui estão fora do tempo. Quando eles nasceram nem era século XXI! O período em que eles viviam e criaram suas verdades a respeito da vida mudaram. Eles foram educados em um mundo sem tecnologia, sem Internet e até sem celular! Como podem entender da nossa realidade? Com certeza tudo que dizem não pode ter valor e nem praticidade para nossas vidas de adolescentes e jovens hoje...
Muitos dos nossos jovens estão vivendo e encarando os mais experientes da igreja desta maneira. Com desrespeito, desatenção e indiferença. Tratam homens e mulheres que tiveram uma experiência tremenda com Deus, de uma maneira totalmente inversa de como as Escrituras nos manda olhar para eles.
Precisamos ter uma visão correta a respeito da própria igreja e de todos aqueles que o Senhor tem nos colocado para nos orientar e nos guiar.

texto base: I Pedro 2. 13-17

Olhando para as dicas de Deus para nossa convivência com a igreja e com os mais velhos, vamos tirar dois desafios do texto para o nosso relacionamento com nossos líderes e a nossa igreja:

1º Desafio de Deus: Obediência a Todos

Logo de cara o apóstolo Pedro já nos desafia através de uma ordem de Deus! Sejam obedientes, submissos, sujeitos, atenciosos... A idéia que Pedro nos trás é que devemos estar atenciosos aos homens e mulheres que Deus colocou “cima de nós”, quer por idade ou por instituição, para que possamos honrá-los e respeitá-los.
O desafio da obediência não é fácil! Principalmente quando achamos ou entendemos que aqueles que são mais velhos, ou estão na liderança do nosso grupo, não entendem o que estamos vivendo a cada dia. Para que possamos cumprir esse desafio de Deus é preciso ter uma visão correta de nossos líderes e porque os obedecemos:
O versículo 13 nos mostra claramente o motivo pelo qual devemos ser submissos: “por causa do Senhor”. Esse é o segredo da obediência ao homem! Não é por causa do homem, mas por causa de Deus! Quando enxergamos esse propósito conseguimos cumprir o desafio.
Servir ao Senhor e ser fiel a Ele implica em sermos submissos à nossas autoridades. Isso inclui os nossos líderes da igreja, os mais velhos e a qualquer que Deus tem colocado como autoridade sobre nós.
Quando somos submissos às autoridades louvamos a Deus e somos honrados com essa atitude. Note o verso 14. “para o louvor dos que praticam o bem”. Quando praticamos o bem, a própria autoridade reconhece isso e nos passa a respeitar e honrar! Quer ganhar credibilidade diante dos mais velhos da igreja? Eis o segredo! Seja fiel a Deus, sendo submissos a eles.
Esse princípio não está somente às autoridades dentro da igreja, mas aos nossos políticos, policiais e até professores. Ganhamos o respeito deles quando somos fieis a Deus e obedientes a eles!
Mas quando nos ordenam a fazer algo contrário a Palavra de Deus? Olhemos o livro de Atos no capítulo 4 versos 18 e 19. Pedro e João foram confrontados para não mais anunciarem a Palavra de Deus! Confira o que eles disseram: “Ouviremos a Deus ou a vocês?”. Quando isso acontecer devemos honrar nossas autoridades, mas mostrarmos a eles que precisamos ser fieis a Deus antes de sermos fieis a eles, mas para dizermos isso precisamos estar convictos do que a Palavra nos ensina e em atitude de amor aos nossos líderes colocados por Deus em nossa história.


2º Desafio de Deus: Praticar o bem!

Como mais um desafio temos outra proposta levantada pelo apóstolo Pedro: Nos tornarmos praticantes do bem (v.15). E o que vem a ser um jovem que faz o bem? Será que fazer o bem é ajudar uma velhinha atravessar a rua? Ligar para colaborar para o “Criança Esperança” todo ano? Dar esmolas no farol?... Entre tantas coisas que o mundo todo faz e que parecem boas, o que realmente Deus quer nos ensinar quando nos desafia a realizarmos boas obras?
Boas obras estão diretamente ligadas com obedecer à vontade de Deus! Além de incluir todas as situações acima citadas, ser um praticante do bem é muito mais do que fazer por fazer, mas é realizar por meio de Deus e para Deus. Quando começamos a ser fiel ao Senhor iniciamos o nosso segundo desafio: Praticar o bem!
Quando mudamos nossa visão de sermos realizadores de boas obras entendemos o desafio! O mundo “pratica o que é bom” em busca de algo que nada tem a ver com a obediência ao Deus da bíblia. Muitas vezes, estão em busca de uma “energização”, atrair “bons espíritos”, se sentir em paz com os outros... entre tantas outras coisas. Nós como crentes precisamos ter um olhar diferente. Realizamos o bem por amor e obediência a Deus. A partir dessa obediência ao Senhor do Universo os outros são beneficiados por conseqüência deste amor. Amor a Deus!
Como decorrência dessa prática, o verso 15 nos revela que os descrentes ficarão sem ter o que falar. Nosso testemunho de bons cidadãos, bons alunos, bons crentes na igreja farão com que os cristãos louvem a Deus e os incrédulos se calem diante disto! Não terão o que dizer contra o cristianismo!

Conclusão

Os dois desafios de Deus para nós são difíceis... Precisamos nos entregar mais nas mãos do Senhor, permitir que o Espírito de Deus atue em nós e termos atitude para que desejemos assumir estas duas responsabilidades para nossa vida cristã!
Ser obediente para com nossas autoridades e Praticantes do bem diante de todos! Com estas duas convicções temeremos a Deus, honraremos aos homens e surpreenderemos nossas autoridades (v.17).
Comece hoje a ser alguém que ouve e se submete! Seja alguém mais compreensivo e respeitador diante dos irmãos mais “velhos” da igreja. Procure respeitá-los e obedecê-los. Ouça com atenção os conselhos dos seus líderes. Mesmo quando parecem não entender as realidades dos jovens, lembre-se que eles já passaram por essa fase um dia!
Como praticantes do bem entenda o propósito disso! Fazer o bem é por amor e não por caridade! Fazer o bem não só diante dos crentes, mas também dos incrédulos. Pois essa é à vontade de Deus para que o cristianismo com sua atitude humilde e de amor cale ao maligno do mundo!

David Horta

segunda-feira, 15 de março de 2010

A Moeda Corrente do Céu


"Só uma vida, logo passará; apenas o que foi realizado para Cristo durará".

Quando meu cunhado Jim tinha 18 anos, recebeu o diagnóstico de que tinha um tumor cerebral maligno e que teria apenas alguns meses para viver. Entretanto o Senhor tinha outros planos, e após o tratamento, Jim viveu uma vida plena durante os vinte e dois anos que se seguiram. Neste último verão o tumor inesperadamente retornou, e desta vez ficou claro que os tratamentos médicos não iriam salvá-lo. Novamente disseram-lhe que só lhe restavam alguns meses de vida, e desta vez era verdade.
Durante seu culto fúnebre, o pastor pregou uma mensagem de salvação, porque era o que Jim desejava. Durante o culto, foi dada oportunidade para que as pessoas pudessem falar sobre Jim. Uma por uma, as pessoas compartilhavam breves histórias que se lembravam. E como cores que se iam acrescentando sobre uma tela, um retrato começou a emergir.

Havia histórias sobre as muitas viagens missionárias que Jim havia realizado. Recordações de aguardar por Jim enquanto ele terminava de conversar com um estranho que ele tinha ajudado. Histórias de ir a um passeio algumas semanas antes que Jim morresse e vê-lo derramar-se em lágrimas de preocupação por três amigos pelos quais ele estava orando, pedindo que viessem a conhecer o Senhor Jesus. Uma observação simples, mas profunda, resumiu as coisas: "Jim era um irmão para qualquer que precisasse de um, e um amigo para qualquer que desejasse um”.

Refletindo depois, eu pensei, "foi exatamente o culto que Jim desejava". Não por razões superficiais tipo, quais pessoas vieram, ou quais cânticos tinham sido escolhidos, mas por causa do modo como ele foi lembrado. A conduta externa de Jim durante sua vida refletia os valores internos mais importantes para ele. Como resultado, mesmo quando nos lembramos do seu passado, as recordações que ele deixou conosco mantinham-se apontando para o seu futuro.
Outra observação durante o funeral me fez levar muito mais tempo para que eu pudesse absorvê-la completamente. Quando Jim foi informado que só teria alguns meses a mais de vida, não fez nenhum ajuste significante no seu dia a dia. Pense nisso! Se você só tivesse dois meses a mais de vida, gastaria este tempo vivendo precisamente como vive agora? O próximo fim de semana se assemelharia ao passado, se você só tivesse apenas um punhado de fins de semana para viver? No caso de Jim, sua vida diária foi afinada à freqüência das prioridades que ele já tinha definido, assim, havia muito pouco para mudar.

Tudo isso me fez enfrentar a questão: "Que prioridades e valores definem minha vida?" Muito freqüentemente sou inclinado a responder esta questão baseado em minhas intenções em lugar de minhas ações, ou seja, naquilo que sei que meus valores deveriam ser. Mas realmente, nossas ações são a indicação mais verdadeira. Nesta base, meu desempenho não é tão bom como eu gostaria. Graças a Deus, cada um de nós tem a oportunidade de proativamente moldar as características definidoras de nossa vida, se estivermos dispostos a fazer o esforço exigido para alcançarmos este objetivo. Gosto muito da história de Alfred Nobel, relatada por Randy Alcorn em seu livro "A Chave do Tesouro":
Alfred Nobel derrubou o jornal e levou as mãos à cabeça. Foi no ano de 1888. Nobel era um químico sueco que fez fortuna ao inventar e produzir a dinamite. Seu irmão Ludvig havia morrido na França. Mas agora a aflição de Alfred pela morte do irmão transformou-se em completo desânimo. Ele tinha acabado de ler seu obituário em um jornal francês - não o obituário do seu irmão, mas o seu próprio! Um editor tinha confundido os irmãos. A manchete dizia "O Comerciante da Morte Está Morto". O obituário de Alfred Nobel descrevia um homem que tinha ficado rico ajudando pessoas a se matarem. Chocado por esta avaliação de sua vida, Nobel resolveu usar sua riqueza para mudar seu legado. Quando morreu oito anos depois, deixou mais de 9 milhões de dólares de fundos para premiar pessoas cujo trabalho beneficiasse a humanidade. Os prêmios ficaram conhecidos como Prêmio Nobel. Alfred Nobel teve uma oportunidade rara - olhar para a avaliação do final de sua vida e ainda ter a chance para mudá-la. Antes de sua vida acabar, Nobel teve a certeza de que tinha investido sua riqueza em algo de valor duradouro.

Cada um de nós escolhe, ativa ou passivamente, como investimos nosso tempo e tesouro. O homem sábio investe sua vida cuidadosamente, usando as moedas correntes temporárias desta vida para ganhar riquezas que sempre durarão.

Mark Biller - Retirado do site: www.ganancia.com.br

segunda-feira, 8 de março de 2010

Igreja de Verdade

Estratégias Para Lutar contra a Lascívia



Estou pensando em homens e mulheres. Para os homens, isto é óbvio. É urgente a necessidade de lutar contra o bombardeamento de tentações visuais que nos levam a fixar-nos em imagens sexuais. Para as mulheres, isto é menos óbvio, porém tal necessidade se torna maior, se ampliamos o escopo da tentação de alimentar imagens ou fantasias de relacionamentos. Quando uso a palavra “lascívia”, estou me referindo principalmente à esfera dos pensamentos, imaginações e desejos que visualizam as coisas proibidas por Deus e freqüentemente nos levam a conduta sexual errada.

Não estou dizendo que o sexo é mau. Deus o criou e o abençoou. Deus tornou o sexo agradável e definiu um lugar para ele, a fim de proteger sua beleza e poder — ou seja, o casamento entre um homem e uma mulher. Mas o sexo tornou-se corrompido pela queda do homem no pecado. Portanto, temos de exercer restrição e fazer guerra contra aquilo que pode nos destruir. Em seguida, apresentamos algumas estratégias para lutar contra desejos errados.

Evitar — evite, tanto quanto for possível e sensato, imagens e situações que despertam desejos impróprios. Eu disse “tanto quanto possível e sensato”, porque às vezes a exposição à tentação é inevitável. E usei os termos “desejos impróprios” porque nem todos os desejos por sexo, alimento e família são maus. Sabemos quando tais desejos são impróprios, prejudiciais e estão se tornando escravizantes. Conhecemos nossas fraquezas e o que provoca tais desejos. Evitar é uma estratégia bíblica. “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça” ( 2 Tm 2.22). “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.14).

Não — diga “não” a todo pensamento lascivo, no espaço de cinco segundos. E diga-o com a autoridade de Jesus Cristo. “Em nome de Jesus: Não!” Você não tem mais do que cinco segundos. Se passar mais do que esse tempo sem opor-se a tal pensamento, ele se alojará em sua mente com tanta força, a ponto de se tornar quase irremovível. Se tiver coragem, diga-o em voz alta. Seja resoluto e hostil. Como disse John Owen: “Mate o pecado, se não ele matará você”.1 Ataque-o imediatamente, com severidade. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

Voltar — volte seus pensamentos forçosamente para Cristo, como uma satisfação superior. Dizer “não” será insuficiente. Você tem de mover-se da defesa para o ataque. Combata o fogo com fogo. Ataque as promessas do pecado com as promessas de Cristo. A Bíblia chama a lascívia de “concupiscências do engano” (Ef 4.22). Tais concupiscências mentem. Prometem mais do que podem oferecer. A Bíblia as chama de “paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância” (1 Pe 1.14). Somente os tolos cedem a elas. “Num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro” (Pv 7.22). O engano é vencido pela verdade. A ignorância é derrotada pelo conhecimento. E tem de ser uma verdade gloriosa e um conhecimento formoso. Esta é razão por que escrevi o livro Vendo e Provando a Cristo (Seeing and Proving Christ — Crossway, 2001). Preciso de breves retratos de Cristo para me manter despertado, espiritualmente, para a sublime grandeza do Senhor Jesus. Temos de encher nossa mente com as promessas e os deleites de Jesus. E volvermo-nos imediatamente para tais promessas e deleites, depois de havermos dito “não”.

Manter — mantenha, com firmeza, a promessa e o deleite de Cristo em sua mente, até que expulsem a outra imagem. “Olhando firmemente para... Jesus” (Hb 12.2). Muitos fracassam neste ponto. Eles desistem logo. Dizem: “Tentei expulsar a fantasia, mas não deu certo”. Eu lhes pergunto: “Por quanto tempo fizeram isso?” Quanta rigidez exerceram em sua mente? Lembre: a mente é um músculo. Você pode flexioná-la com violência. Tome o reino de Deus por esforço (Mt 11.12). Seja brutal. Mantenha diante de seus olhos a promessa de Cristo. Agarre-a. Agarre-a! Não a deixe ir embora. Continue segurando-a. Por quanto tempo? Quanto for necessário. Lute! Por amor a Cristo, lute até vencer! Se uma porta automática estivesse para esmagar seu filho, você a seguraria com toda a sua força e gritaria por ajuda. E seguraria aquela porta... seguraria... seguraria... Jesus disse que muito mais está em jogo no hábito da lascívia (Mt 5.29).

Apreciar — aprecie uma satisfação superior. Cultive as capacidades de obter prazer em Cristo. Uma das razões porque a lascívia reina em tantas pessoas é porque Cristo não lhes é muito cativante. Falhamos e somos enganados porque temos pouco deleite em Cristo. Não diga: “Esta conversa espiritual não é para mim”. Que passos você tem dado para despertar sua afeição por Cristo. Você tem lutado por encontrar gozo? Não seja fatalista. Você foi criado para valorizar a Cristo — de todo o coração — mais do que valoriza o sexo, o chocolate ou o açúcar. Se você tem pouco desejo por Cristo, os prazeres rivais triunfarão. Peça a Deus que lhe dê a satisfação que você não tem. “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Sl 90.14). E olhe... olhe... e continue olhando para Aquele que é a pessoa mais magnificente do universo, até que você o veja da maneira como Ele realmente é.

Mover – mova-se da ociosidade e de outros comportamentos vulneráveis para uma atividade útil. A lascívia cresce rapidamente no jardim da ociosidade. Encontre algo útil para realizar, com todas as suas forças. “No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11); “Sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58). Seja abundante em atividades. Faça alguma coisa: limpe um quarto, pregue uma tábua, escreva uma carta, conserte uma torneira. E faça tudo por amor a Jesus. Você foi criado para administrar e trabalhar. Cristo morreu para nos tornar zelosos “de boas obras” (Tt 2.14). Substitua as concupiscências e paixões enganosas por boas obras.

John Piper

quinta-feira, 4 de março de 2010

Carta do Inferno

Por Que Somos Indiferentes Quanto ao Retorno de Cristo



Logo depois do término da primeira guerra mundial, ouvi um grande pregador do sul dizer que temia que o intenso interesse pela profecia generalizada naquela época resultaria na morte da bendita esperança quando os eventos provassem que os entusiásticos intérpretes estavam errados. O homem era profeta, ou pelo menos um estudioso notavelmente perspicaz da natureza humana, pois aconteceu exatamente e que ele predisse. A esperança da vinda de Cristo está quase morta hoje em dia entre os cristãos bíblicos. Não significa que tenham abandonado a doutrina do segundo advento. De modo nenhum. Tem havido, como todas as pessoas bem informadas sabem, um ajustamento entre alguns dos pontos doutrinários menores do nosso credo, mas a imensa maioria dos evangélicos firmes continua sustentando a crença em que Jesus Cristo algum dia voltará de fato à terra em pessoa. A vitória final de Cristo é aceita como uma das inabaláveis doutrinas da Escritura Sagrada. É verdade que em alguns rincões as profecias da Bíblia são expostas ocasionalmente. Isto acontece especialmente entre os cristãos hebreus que. Por razões muito compreensíveis, parecem sentir-se mais perto dos profetas do Velho Testamento do que os crentes gentios. O amor que votam a seu povo leva-os naturalmente a apegar-se a toda esperança de conversão e restauração última de Israel. Para muitos deles o retorno de Cristo representa rápida e feliz solução do "problema judeu". Os longos séculos de peregrinação terminarão quando Ele vier, e Deus nesse tempo restaurará "o reino a Israel". Não ousamos deixar que o nosso profundo amor por nossos irmãos cristãos hebreus nos cegue para as óbvias implicações políticas deste aspecto da esperança messiânica. Não os censuramos por isso. Apenas chamamos a atenção para o fato. Todavia, o retorno de Cristo como bendita esperança está quase morto entre nós, como já disse. A verdade referente ao segundo advento onde é apresentada hoje, é na maior parte acadêmica ou política. O jubiloso elemento pessoal falta por completo. Onde estão aqueles que
"Tanto anseiam pelo sinal ó Cristo, do Teu cumprimento; pelo chamejar desvanecem, dos Teus passos em Teu advento?"
A aspiração por ver a Cristo que queimava o peito daqueles primeiros cristãos parece ter-se queimado toda. Tudo que resta são cinzas. É precisamente o "anseio" e o "desvanecimento" pelo retorno de Cristo que distingue entre a esperança pessoal e a teológica. O mero conhecimento da doutrina correta é pobre substituto de Cristo, e a familiaridade com a escatologia do Novo Testamento nunca tomará o lugar do desejo inflamado de amor de fitar Sua face. Se o ardoroso anelo desapareceu da esperança do advento hoje, deve haver razão para isto; acho que sei qual é, ou quais são, pois há um bom número delas. Uma é simplesmente que a teologia fundamentalista popular tem dado ênfase à utilidade da cruz, e não à beleza dAquele que nela morreu. A relação do salvo com Cristo é apresentada como contratual, em vez de pessoal. Tem-se acentuado tanto a "obra" de Cristo, que esta eclipsou a pessoa de Cristo. Permitiu-se que a substituição tomasse o lugar da identificação. O que Ele fez por mim parece mais importante do que o que Ele é para mim. Vê-se a redenção como uma transação de negócio direto que "aceitamos"; e à coisa toda fica faltando conteúdo emocional. Temos de amar muito a alguém, para ficarmos despertos esperando a sua vinda, e isso talvez explique a ausência de vigor na esperança do advento entre aqueles que ainda crêem nela.Outra razão da ausência de real anseio pelo retorno de Cristo é que os cristãos se sentem tão bem neste mundo que têm pouco desejo de deixá-lo. Para os líderes que regulam o passo da religião e determinam o seu conteúdo e a sua qualidade, o cristianismo tornou-se afinal notavelmente lucrativo. As ruas de ouro não exercem atração muito grande sobre aqueles que acham fácil amontoar ouro e prata no serviço do Senhor cá na terra. Todos queremos reservar a esperança do céu como uma espécie de seguro contra o dia da morte, mas enquanto temos saúde e conforto, por que trocar um bem que conhecemos por uma coisa a respeito da qual pouco sabemos? Assim raciocina a mente carnal, e com tal sutileza que dificilmente ficamos cientes disso. Outra coisa; nestes tempos a religião passou a ser uma brincadeira boa e festiva neste presente mundo, e, por que ter pressa quanto ao céu, seja como for? O cristianismo, contrariamente ao que alguns pensaram, é forma diversa e mais elevada de entretenimento. Cristo padeceu todo o sofrimento. Derramou todas as lágrimas e carregou todas as cruzes; temos apenas que desfrutar os benefícios das suas dores em forma de prazeres religiosos modelados segundo o mundo e levados adiante em nome de Jesus. É o que dizem pessoas que ao mesmo tempo afirmam que crêem na segunda vinda de Cristo. A história revela que os tempos de sofrimento da igreja têm sido igualmente tempos de alçar os olhos. A tribulação sempre deu sobriedade ao povo de Deus e o encorajou a buscar e a esperar ansiosamente o retorno do seu Salvador. A nossa presente preocupação com este mundo pode ser um aviso de amargos dias por vir. Deus fará com que nos desapeguemos da terra de algum modo — do modo fácil, se possível; do difícil, se necessário. É a nessa vez.

A.W. Tozer