terça-feira, 27 de julho de 2010

BALÃO VERMELHO

Quão Estranho e Maravilhoso é o Amor de Cristo



Por muitos anos eu tenho procurado entender como o fato de Deus ter a si mesmo no centro de tudo se relaciona com o Seu amor por pecadores como nós. A maioria das pessoas não vê de imediato a paixão de Deus pela Sua glória como um ato de amor. Uma razão para isso é que nós absorvemos a definição que o mundo possui de amor. Ela diz: você é amado quando fazem com que você seja destacado. Em outras palavras, amar alguém significa torná-lo ou torná-la importante.

O maior problema com esta definição de amor é que quando você tenta aplicá-la ao amor de Deus por nós, ela distorce a realidade. O amor de Deus por nós NÃO se concentra em fazer-nos importantes, mas em dar-nos a habilidade de torná-lo importante por toda a eternidade. Em outras palavras, o amor de Deus por nós faz com que Ele esteja no centro de tudo. O amor de Deus por nós exalta o Seu valor e a nossa satisfação nele. Se o amor de Deus nos tornasse o centro de tudo e focados em nosso próprio valor, ele nos distrairia do que é mais precioso, que é Ele mesmo. O amor trabalha duro e sofre para nos cativar com o que é infinitamente e eternamente gratificante: Deus. Portanto, Deus trabalha duro e sofre para quebrar nossa sujeição à idolatria do ego e focalizar nossas afeições no tesouro que é Deus.

Eu vi isso novamente na história da doença e morte de Lázaro.

Ora, um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria, cujo irmão Lázaro estava doente, era a mesma que derramara perfume sobre o Senhor e lhe enxugara os pés com os cabelos. Então as irmãs mandaram dizer a Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está doente”. Ao ouvir isto, Jesus disse: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”. Jesus amava a Marta, à irmã dela e a Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou onde estava mais dois dias.

Note três coisas surpreendentes:

1) Jesus escolheu deixar Lázaro morrer. Versículo 6: “No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou onde estava mais dois dias.” Não havia pressa. Sua intenção não era poupar a família da dor, mas ressucitar Lázaro dos mortos.

2) Sua motivação era a paixão pela glória de Deus manifestada em Seu glorioso poder. Versículo 4: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”.

3) Todavia, tanto a decisão de deixar Lázaro morrer quanto a motivação de magnificar a Deus eram expressões de amor por Maria, Marta e Lázaro. Versículo 5: “Jesus amava a Marta, à irmã dela e a Lázaro... por isso Ele ficou... onde Ele estava.”

Oh, quantas pessoas hoje - até mesmo cristãos - murmurariam a Jesus por insensivelmente ter deixado Lárazo morrer e fazer com que ele, Marta, Maria e outros passassem pelo sofrimento e pela agonia daqueles dias. E se eles vissem que isto foi motivado pelo desejo de Jesus de magnificar a glória de Deus, muitos diriam que isto foi rude ou insensível. O que isto mostra é como as pessoas colocam a vida livre de sofrimento muito acima da glória de Deus. Para a maioria das pessoas o amor é algo que coloca o valor humano e o bom-estar humano no centro de tudo. Por isso, o comportamento de Jesus é incompreensível para eles.

Mas nós não devemos dizer a Jesus o que é o amor. Não vamos instruí-lo como Ele deveria amar-nos e nos fazer o centro de tudo. Vamos aprender com Jesus o que é o amor e o que realmente é o nosso bem-estar. Amar é fazer o que for necessário para ajudar as pessoas verem e provarem a glória de Deus para todo o sempre. O amor mantém Deus no centro de tudo. É assim porque a alma foi feita por Deus.

Jesus mostra que este caminho é correto pela Sua oração em João 17:24: "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo". O amor de Jesus o leva a orar por nós e a morrer por nós, NÃO para que o nosso valor seja o centro de tudo, mas para que Sua glória seja o centro de tudo, e para que nós vejamos e provemos isso por toda a eternidade. “E vejam a minha glória” - para isso Ele deixou Lázaro morrer, e para isso ele foi para a cruz.

Aprendendo como se sentir amado com o amor cujo centro é Deus,

Pastor John Piper

segunda-feira, 5 de julho de 2010

JESUS NÃO ERA CRISTÃO



Muita gente pensa que sim. Todavia, a religião de Jesus não era cristianismo. Explico. Jesus não tinha pecado, nunca confessou pecados, nunca pediu perdão a Deus (ou a ninguém), não foi justificado pela fé, não nasceu de novo, não precisava de um mediador para chegar ao Pai, não tinha consciência nem convicção de pecado e nunca se arrependeu. A religião de Jesus era aquela do Éden, antes do pecado entrar. Era a religião da humanidade perfeita, inocente, pura, imaculada, da perfeita obediência (cf. Lc 23:41; Jo 8:46; At 3:14; 13:28; 2Co 5:21; Hb 4:15; 7:26; 1Pe 2:22).

Já o cristão – bem, o cristão é um pecador que foi perdoado, justificado, que nasceu de novo, que ainda experimenta a presença e a influência de sua natureza pecaminosa. Ele só pode chegar a Deus através de um mediador. Ele tem consciência de pecado, lamenta e se quebranta por eles, arrepende-se e roga o perdão de Deus. Isto é cristianismo, a religião da graça, a única religião realmente apropriada e eficaz para os filhos de Adão e Eva.

Assim, se por um lado devemos obedecer aos mandamentos de Jesus e seguir seu exemplo, há um sentido em que nossa religião é diferente da dele.
Quando as pessoas não entendem isto, podem cometer vários enganos. Por exemplo, elas podem pensar que as pessoas são cristãs simplesmente porque elas são boas, abnegadas, honestas, sinceras e cumpridoras do dever, como Jesus foi. Sem dúvida, Jesus foi tudo isto e nos ensinou a ser assim, mas não é isso que nos torna cristãos. As pessoas podem ser tudo isto sem ter consciência de pecado, arrependimento e fé no sacrifício completo e suficiente de Cristo na cruz do Calvário e em sua ressurreição – que é a condição imposta no Novo Testamento para que sejamos de fato cristãos.

Este foi, num certo sentido, o erro dos liberais. Ao removerem o sobrenatural da Bíblia, reduziram o Jesus da história a um mestre judeu, ou um reformador do judaísmo, ou um profeta itinerante, ou ainda um exorcista ambulante ou um contador de parábolas e ditos obscuros que nunca realmente morreu pelos pecados de ninguém (os liberais ainda não chegaram a uma conclusão sobre quem de fato foi o Jesus da história, mas continuam pesquisando...). Para os liberais, todas estas doutrinas sobre o sacrifício de Cristo, sua morte e ressurreição, o novo nascimento, justificação pela fé, adoção, fé e arrependimento, foram uma invenção do Cristianismo gentílico. Eles culpam especialmente a Paulo por ter inventando coisas que Jesus jamais havia dito ou ensinado, especialmente a doutrina da justificação pela fé.

Como resultado, os liberais conceberam o Cristianismo como uma religião de regras morais, sendo a mais importante aquela do amor ao próximo. Ser cristão era imitar Cristo, era amar ao próximo e fazer o bem. E sendo assim, perceberam que não há diferença essencial entre o Cristianismo e as demais religiões, já que todas ensinam que devemos amar o próximo e fazer o bem. Falaram do Cristo oculto em todas as religiões e dos cristãos anônimos, aqueles que são cristãos por imitarem a Cristo sem nunca terem ouvido falar dele.

Se ser cristão é imitar a Cristo, vamos terminar logicamente no ecumenismo com todas as religiões. Vamos ter que aceitar que Gandhi era cristão por ter lutado toda sua vida em prol dos interesses de seu povo. A mesma coisa o Dalai Lama e o chefe do Resbolah.

Não existe dúvida que imitar Jesus faz parte da vida cristã. Há diversas passagens bíblicas que nos exortam a fazer isto. No Novo Testamento encontramos por várias vezes o Senhor como exemplo a ser imitado. Todavia, é bom prestar atenção naquilo em que o Senhor Jesus deve ser imitado: em procurarmos agradar aos outros e não a nós mesmos (1Co 10:33 – 11:1), na perseverança em meio ao sofrimento (1Ts 1:6), no acolher-nos uns aos outros (Rm 15:7), no andarmos em amor (Ef 5:23), no esvaziarmos a nós mesmos e nos submeter à vontade de Deus (Fp 2:5) e no sofrermos injustamente sem queixas e murmurações (1Pe 2:21). Outras passagens poderiam ser citadas. Todas elas, contudo, colocam o Senhor como modelo para o cristão no seu agir, no seu pensar, para quem já era cristão.

Não me entendam mal. O que eu estou tentando dizer é que para que alguém seja cristão é necessário que ele se arrependa genuinamente de seus pecados e receba Jesus Cristo pela fé, como seu único Senhor e Salvador. Como resultado, esta pessoa passará a imitar a Cristo no amor, na renúncia, na humildade, na perseverança, no sofrimento. A imitação vem depois, não antes. A porta de entrada do Reino não é ser como Cristo, mas converter-se a Ele.

Augustus Nicodemus Lopes
Retirado do Blog O tempora:
http://tempora-mores.blogspot.com/2010/06/jesus-nao-era-cristao.html