segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aceitar a Jesus?



Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele, sem qualquer influência por parte de quaisquer obras praticadas.
"O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir a saída eterna da face de Deus.

Os cristãos "evangelicais" fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seu Salvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; João 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula "Aceite Cristo" tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda a instrução que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas para descobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva".

A dificuldade está em que a atitude "Aceite Cristo" está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Ele fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.
Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse "aceito" no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo "aceitasse" o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo? É preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude!
Ao permitir que a expressão "Aceite Cristo" represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.

"Aceitar Cristo" é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus, absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de Sua companhia.
Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é.
Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como Salvador hoje, e aguardando até amanhã para decidir quanto à Sua soberania.
O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.

Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do Seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.

O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na Sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer o significado das palavras: "pois, segundo ele é, nós somos neste mundo" (1 João 4:17). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como o nosso.

Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.

A.W.Tozer
Livro: O melhor de Tozer

segunda-feira, 24 de maio de 2010

GAROTOS E GAROTAS


Quando preguei a mensagem que inspirou este livro, dirigi-me a uma audiência masculina na sua totalidade, mas as primeiras palavras que disse, foram dirigidas a qualquer mulher que quisesse escutar a fita cassete da minha palestra. "Deixemos algo claro", disse com um sorriso, "esta mensagem não é para você!". A audiência masculina protestou.

"E não me venham com a desculpa de que querem ‘entender aos seus irmãos’", continuei, "nada disso! Desligue o som agora mesmo!".

Os rapazes concordavam que seria muito embaraçoso se houvesse mulheres escutando a sessão de luxúria "exclusiva para homens". Estávamos seguros de que se as moças soubessem como lutamos com a impureza, nos teriam como uma porção de animais obcecados pela sexualidade. Entre os homens existe a crença de que a luxúria é questão de rapazes e que a moças não podem entender.

Porém, poucos dias depois, recebi pedidos de muitas mulheres que desejavam escutar a fita cassete. Várias planejaram falar do assunto em grupos pequenos. Ouviram os rapazes que comentavam sobre a mensagem e desejaram escutar, não porque desejavam "entender" os homens, mas porque, também, elas lutavam com a luxúria. Tenho aprendido que os homens e as mulheres têm mais em comum do que se pensa. Neste capítulo, quero observar o que ambos possuem em comum quanto à luxúria, em que somos diferentes e como podemos ajudar-nos uns aos outros.

Comecemos por desmascarar os erros conceituais mais persistentes que temos a respeito do sexo oposto.

AS MULHERES TAMBÉM ENFRENTAM LUTAS

Ao falar da luxúria o maior erro com respeito às mulheres é que só lutam contra a luxúria no âmbito emocional. Ao longo dos anos, muitos livros cristãos (o meu inclusive) vêm enfatizando que os homens lutam com o aspecto físico e devem guardar seus olhos, ao passo que as mulheres precisam lutar contra as suas emoções. E se nesta generalização não se fazem as ressalvas correspondentes, as pessoas talvez fiquem com a impressão de que as mulheres nunca precisam lutar com a luxúria como um desejo físico claro, ou que a sua luta contra a luxúria seja menos real. Isso não é verdade. "Nós, mulheres, também temos impulsos sexuais", me escreveu Katie. "Creia em mim, como mulher virgem de vinte e dois anos, sei o que digo".

Meu objetivo não é convencer ninguém de que as mulheres lutam contra a luxúria tanto quanto os homens, ou da mesma maneira; definitivamente, não é isso que importa. Entretanto, muitas mulheres lutam contra a luxúria, no que se pode chamar formas masculinas tradicionais: tentação de ver pornografia, de se masturbar e se concentrar no intenso desejo físico para com a relação sexual. Muitas vezes, estas mulheres têm impedimentos na sua luta contra a luxúria porque a vergonha as consome, devido à maneira particular em que lutam. "Parece que estive lutando contra algo que é para rapazes", disse uma jovem.

"É assombrosa a falta de recursos para mulheres que existe sobre esse assunto", me escreveu Carla. "Não há seminários para nós. O aspecto da luxúria feminina está envolto na névoa e as mulheres necessitam entender as raízes da sua luta".

Outra mulher, chamada Kathryn disse que a luxúria parecia ser um tabu entre as suas amigas cristãs. "Algumas vezes, tenho a clara impressão de que sou a única cristã que luta com este problema", explicou.

Você não é a única mulher que precisa fazer frente à luxúria física. A Palavra de Deus diz: "Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; Ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, Ele mesmo lhes providenciará um escape, para que a possam suportar" (1 Co 10.13).

Mulheres, não importa se o impulso sexual que tenham seja forte como o dos rapazes, ou se não se compara com o de outras moças que conhecem. O que importa é se buscam em Deus a força para controlar seus desejos. O que importa é se fogem ou não, e se buscam a santidade porque amam ao Senhor.

TODOS OS HOMENS SÃO MONSTROS?

Um dos maiores erros que existem com respeito aos homens é que o seu problema com a luxúria é bem pior e mais sério do que acontece com uma mulher. Em outras palavras, os homens são monstros, ao passo que as mulheres são inocentes e puras.

Com certeza, a luxúria dos homens é mais evidente, mas não, necessariamente, mais pecaminosa. Os rapazes têm maior tendência ao visual e, como resultado, sua luxúria é mais visível. Além do mais, como Deus criou o homem para tomar a iniciativa e buscar a mulher, suas expressões de luxúria são, em geral, mais agressivas e descaradas.

Aqui há uma pergunta: a luxúria de um rapaz, descarada e evidente, é pior que a de uma moça, mais refinada e sutil? Uma jovem de dezenove anos, chamada Stacey não pensa assim. Escreveu-me a seguinte carta, em que me contou como Deus lhe havia trazido convicção de pecado sobre muitas das "inofensivas" expressões de luxúria das mulheres.

Durante o deslize do ano passado, percebi o quão bem preparada está a minha mente para a luxúria nas olhadas que dou para os rapazes. Os rapazes podem ser objetos da luxúria tanto quanto as mulheres. Se pudesse contar quantos filmes tenho ido ver com minhas amigas só porque havia um ator lindo, envergonharía-me observar a quantidade. Além dos programas de televisão e as capas das revistas. Toda nossa cultura pensa que é perfeitamente normal as moças babarem diante de um tipo erótico; na verdade, motiva essa atitude. No ensino médio, passei três anos nos quais era fanática por um rapaz que tocava na banda e do qual não direi o nome. Fui a inumeráveis quantidades de shows, nos quais gritava e corria para frente, buscando me aproximar o máximo que pudesse do palco. Se isso não é luxúria, não sei o que é. Reduzia o valor de um rapaz à baixa condição de quão atrativo era no aspecto físico.

Não nos ajuda pensar que uma moça que experimenta a impureza sexual, enquanto olha uma comédia romântica, seja menos desobediente que um rapaz que experimenta sensações, ao olhar um filme proibido para menores que contém cenas de sexo. Os dois estão dando concessões à luxúria.

O que quero destacar é que nenhum de nós deveria se sentir a salvo, porque nossas expressões de luxúria são aceitáveis ou civilizadas, conforme a nossa cultura. Não digo isso para desculpar o pecado de nenhum homem, nem para tirar alguém da lama. Não quero dizer que os rapazes não sejam maus. O que quero dizer é que toda luxúria é má. Distantes da graça de Deus que opera em nós e nos transforma, todos somos monstros. De qualquer forma que a luxúria se expresse, está motivada pelo desejo pecaminoso de obter o proibido.

DE QUE MANEIRA SOMOS DIFERENTES?

Ainda que tenhamos muitas coisas em comum, Deus nos fez homens e mulheres de forma gloriosa. Somos criados para complementar um ao outro. Possuímos diferentes pontos fortes e "conexões" diferentes no aspecto sexual.

Ao nos referirmos às diferenças entre homens e mulheres, as seguintes declarações são, em geral, precisas e podem nos servir de ajuda, se as observamos:

Na maioria das vezes, o desejo sexual do homem é mais físico, enquanto que o da mulher se encontra, quase sempre, mais ligado aos anseios emocionais.

Em geral, o homem está programado para ser o que inicia a relação sexual e sua estimulação é visual; a mulher, por outro lado, está programada para ser a que responde na área sexual e é estimulada por meio do contato físico.

O homem foi criado para buscar e tal busca o estimula; a mulher foi criada para que a busquem e é estimulada quando procurada.

Não é maravilhoso ver como Deus fez homens e mulheres para interagirem um com o outro? Fez os homens como uma inclinação ao visual, então, fez a mulheres lindas. Fez os homens, a fim de que sejam os que iniciam, então, desenhou as mulheres para desfrutarem ao serem buscadas. No coração de todo o homem existe o desejo inato de cortejar e ganhar a afeição de uma mulher. Deus planta no coração da garota, desde cedo, o desejo de ser atrativa. Tudo isso é parte do maravilhoso desenho de Deus.

Quando compreendemos o plano de Deus, isto nos ajuda a ver por onde os desejos luxuriosos buscarão sabotar o propósito original. A luxúria sempre começa com algo bom, como os espelhos dos parques de diversão, toma o desenho de Deus e o distorce.

PRAZER E PODER

A luxúria tira o brilho e torce a verdadeira masculinidade e feminilidade de maneiras danosas. Faz com que o bom desejo do homem de buscar se reduza a "capturar" e "usar", e com que o bom desejo da mulher de ser bonita, se reduza à "sedução" e "manipulação". Em geral, parece que tanto a homens quanto a mulheres, a luxúria os tenta de duas maneiras exclusivas: os homens são tentados pelo prazer que a luxúria oferece, e as mulheres são tentadas pelo poder oferecido por ela.

O motor da luxúria em um rapaz é, em geral, o desejo de sentir prazer sexual e físico. O "benefício" que a luxúria lhe oferece é sentir-se bem. A luxúria do homem o leva a separar o corpo da mulher de sua alma, mente e pessoa, e a usá-la em busca do seu prazer egoísta. Não é por isso que a maior parte da pornografia está dirigida aos homens e pinta as mulheres de forma exclusiva para o prazer deles? A pornografia reforça a mentira de que as mulheres são brinquedos sexuais, a fim de que os homens as desfrutem, que as mulheres gostam que as usem, não que as amem nem as valorizem. Alguns homens preferem masturbar-se, olhando pornografia, em vez de iniciar uma relação real com uma mulher, porque isto lhes permite viver na fantasia de que seu prazer é tudo o que importa.

Talvez, a mulher sinta a tentação de uma maneira similar, mas parece que a luxúria não a alcança de maneira tão natural. O que a alcança de maneira natural é o desejo de intimidade. Então, quando vê um homem sedutor num anúncio publicitário, pode sentir-se tentada a fantasiar com a idéia de ter uma relação sexual com ele, mas o mais provável, é que esta tentação se encontre arraigada numa fantasia de relacionar-se com ele, na qual o prazer físico é um ponto secundário, diante de seu desejo de atenção apaixonada e intimidade emocional.

A luxúria oferece aos homens o prazer de sua sexualidade, sem o esforço que exige a intimidade. Para as mulheres, oferece o poder de obter o que querem no aspecto relacional, se usam sua sexualidade para seduzir. Uma vez, o doutor Albert Mohler fez uma declaração escandalosa, mas precisa: "Os homens se sentem tentados a entregar-se à pornografia; as mulheres se sentem tentadas a produzir pornografia". Se você é uma mulher, não precisa pousar para uma fotografia, nem estar no elenco de um filme pornográfico para produzir pornografia. Quando se veste e se comporta de uma maneira desenhada, a princípio, para despertar o desejo em um homem, você produz pornografia com a sua própria vida.

"Creio que a raiz da luta contra a luxúria para as mulheres é que desejam dominar os homens, desejam controlá-los e manipulá-los por meio do atrativo sexual", me escreveu uma mulher casada de Knoxville. "Se um casal caminha pela rua e os dois vêem um anúncio publicitário muito sedutor, os dois podem se sentir tentados pela luxúria, mas de diferentes modos. O homem se sente tentado pelo prazer sexual com a mulher do anúncio, enquanto, nós, mulheres, desejamos parecer-nos com a mulher do anúncio, porque sabemos que isso é o que querem os homens".
Uma mulher chamada Josie concorda: "Existe um grau de poder na sedução, ainda que tenha uma curta duração e seja falsa. Nós sabemos que possuímos a habilidade de fazer com que um homem faça o que queremos, quando nos vestimos e agimos de uma certa maneira".

Diane evita os anúncios publicitários de lingeries e os vidros das lojas. Devido ao seu pecado sexual passado e à maneira sedutora como se vestia par atrair os rapazes, ver essas imagens lhe produzem ira a frustração. Percebeu que uma das maneiras em que a mulher pratica a luxúria é incitá-la nos homens.

O que o (a) tenta? Reconhece que muitas vezes, essas tentações se intercambiam entre os sexos. Todos podemos nos sentir tentados perante o prazer e o poder que a luxúria oferece; mas se compreendemos qual é a inclinação habitual do homem e da mulher, quando estamos frente a frente, encontramos ajuda para criar nosso plano de ação para lutar contra a impureza sexual. Identificada a mentira específica da nossa luxúria, podemos mudar a falsa promessa pela verdade específica da Palavra de Deus. Só Deus pode nos dar um prazer duradouro e satisfazer nosso desejo de intimidade.

Joshua Harris
Traduzido por Tiago Abdalla T. Neto do livro:
HARRIS, Joshua. Ni aun se nombre.
http://tiagoabdalla.blogspot.com

terça-feira, 18 de maio de 2010

Como Experimentamos o Amor de Deus no Coração?


Experimentar o amor de Deus, e não apenas pensar sobre este amor, é algo que devemos desejar com todo o coração. É uma experiência de grande alegria porque nela provamos a própria realidade de Deus e de seu amor. É o fundamento de profunda e maravilhosa segurança — a segurança de que nossa esperança “não confunde” (Rm 5.5). Esta segurança nos ajuda a nos gloriarmos “na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2); e nos conduz através das intensas provas de nossa fé.

Esta experiência do amor de Deus é a mesma para todos os crentes? Não. Se todos os crentes tivessem a mesma experiência do amor de Deus, Paulo não teria orado em favor dos crentes de Éfeso: “A fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.18,19). Ele pediu isto porque alguns (ou todos!) eram deficientes em sua experiência do amor de Deus, em Cristo. E podemos supor que não somos todos deficientes na mesma medida em que o eram os crentes de Éfeso.

Como podemos alcançar a plenitude da experiência do amor de Deus, derramado em nosso coração pelo Espírito Santo? Uma das chaves para isso é compreendermos que esta experiência não é semelhante à hipnose, ao choque elétrico, às alucinações induzidas por drogas ou uma boa medida de calafrios. Pelo contrário, tal experiência é mediada pelo conhecimento. Não é o mesmo que conhecimento, mas vem por meio deste. Expressando-o de outra maneira, esta experiência do amor de Deus é obra do Espírito Santo dando-nos gozo indizível em resposta às percepções da mente a respeito da manifestação desse amor na pessoa de Jesus Cristo. Deste modo, Cristo recebe a glória pelo gozo que desfrutamos. É um gozo naquilo que vemos nEle.

Onde você pode ver isto nas Escrituras? Considere 1 Pedro 1.8: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória”. Aqui temos uma experiência de grande e indescritível gozo — um gozo além de quaisquer palavras. Não se fundamenta em uma visão física de Cristo. Está fundamentada em crer em Cristo. Ele é o foco e o conteúdo da mente neste gozo indescritível.

De fato, 1 Pedro 1.6 afirma que o gozo, em si mesmo, está “na” verdade que Pedro está declarando sobre a pessoa de Cristo — “Nisso exultais”. Ao que se refere o termo “isso”? À verdade de que:

1) em sua grande misericórdia, Deus “nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (v. 3);

2) obteremos “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível” (v. 4); e

3) somos “guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (v. 5). Em tudo isso, exultamos “com alegria indizível e cheia de glória” (v. 8).

Sabemos algumas verdades. E nos regozijamos nisso! A experiência de uma alegria indizível é uma experiência mediada. Ela vem por intermédio do conhecimento de Cristo e de sua obra. Tal experiência possui um conteúdo.

Considere também Gálatas 3.5: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” Sabemos, com base em Romanos 5.5, que a experiência do amor de Deus acontece por meio do “Espírito Santo, que nos foi outorgado”. Mas Gálatas 3.5 nos diz que a concessão do Espírito tem conteúdo. Ela se realiza por meio da “pregação da fé”. Há duas coisas: a pregação e a fé. Existe a pregação da verdade a respeito de Cristo e a fé nessa verdade. É desta maneira que o Espírito é concedido. Ele vem por meio de conhecer e crer. A obra dEle é uma obra mediada. Tem conteúdo mental. Acautele-se de buscar o Espírito com esvaziamento de sua mente.

De modo semelhante, Romanos 15.13 afirma que o Deus da esperança nos enche com alegria e paz, “no crer”. E o crer tem conteúdo. O amor de Deus é experimentado em conhecermos e crermos em Cristo, porque Romanos 8.39 diz que o amor de Deus “está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Nada poderá “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Portanto, faça quatro coisas: olhe, ore, renuncie e desfrute.

1. Olhe para Jesus. Considere a Jesus Cristo. Medite na glória e na obra dEle, não de modo casual, e sim intencional. Pense sobre as promessas que Ele fez e assegurou por meio de sua morte e ressurreição.

2. Ore para que Deus abra seus olhos, a fim de contemplarem as maravilhas do amor dEle nestas coisas.

3. Renuncie todas as atitudes e comportamentos que contradizem esta demonstração do amor de Cristo por você.

4. Desfrute a experiência do amor de Deus derramado em seu coração, pelo Espírito Santo.

John Piper
Extraído do livro:Penetrado pela Palavra, de John Piper
Copyright: © Editora FIEL 2009.